sexta-feira, 6 de julho de 2012

CRÔNICA DO FILME REPÓRTERES DE GUERRA




Herói ou urubu predador?




“Um homem ajustando suas lentes para tirar o melhor enquadramento do sofrimento dela talvez também seja um predador, outro urubu na cena” (Kevin Carter)


A aula é de jornalismo literário e a ideia é assistirmos ao filme Repórteres de Guerra, baseado no livro The Bang Bang Club, escrito por Marinovich e João Silva. Não sabíamos ao certo do que se tratava (esperava aquelas tradicionais cenas de guerra, muitos sangue e ação). Com espírito voltado para um “cinema” em sala de aula, compramos pipoca e a sessão começou.

À medida que o filme foi desenrolando com linchamentos e torturas brutais travados na África do Sul, e os quatro repórteres fotográficos enfrentando situações de extremo perigo o tempo todo, com o propósito de mostrar a verdade, perdi a vontade até de continuar saboreando a pipoca, simplesmente perdeu o sabor. Algo ficou travado na garganta. Mil pensamentos começaram a “pipocar” na minha cabeça. Só pensava: isso não é ficção, isso realmente aconteceu...

Mas, apesar de toda brutalidade o que mais me chamou a atenção foi a foto tirada por Kevin Carter de um urubu e uma criança desnutrida. No desenrolar do filme o autor da foto ganha o maior prêmio de fotografia do mundo, o Pulitzer. Ao ver os quatro amigos (repórteres) comemorando fiz alguns questionamentos: o que Carter pensou no momento que fotografou? Será que considerou normal ver algo tão desumano? Será que a racionalidade deu lugar ao instinto? Até que ponto o seu sucesso profissional nos exime da responsabilidade de ser humano, de praticar humanidade? Na foto de Carter quem é mais abutre: o urubu ou quem está à espreita para fotografar?

Mas, as imagens que se seguiram, e vi que os protagonistas (repórteres), apesar das comemorações, viviam conflitos intensos. Percebi que cada um deles buscava a melhor foto, em muitas situações expondo a própria vida em busca de retratos do terror ao redor, por conta da exigência cada vez maior por parte dos jornais, revistas e empresas de comunicação. A pressão é muito grande.

Em contraponto, fiquei pensando na repercussão positiva que um foto chocante pode causar, ela pode ajudar milhares de pessoas. No caso da foto de Carter, ela fez o mundo voltar os olhos para a questão do apartheid e da fome da África do Sul.

No final do filme, Carter suicidou-se. Mais uma vez questionei-me se aquela foto havia sido o estopim (afinal, todos questionavam sua atitude diante daquele quadro), mas ao ouvir o que estava escrito no bilhete que ele havia deixado, não tive dúvidas de que não era apenas aquilo, mas sim que sua vida tinha parado de fazer sentido: “Estou deprimido… Sem telefone… Sem dinheiro para o aluguel… Sem dinheiro para ajudar as crianças… Sem dinheiro para as dívidas… Dinheiro!!!… Sou perseguido pela viva lembrança de assassinatos, cadáveres, raiva e dor… Pelas crianças feridas ou famintas… Pelos homens malucos com o dedo no gatilho, muitas vezes policiais, carrascos… Se eu tiver sorte, vou me juntar ao Ken…”

O silêncio na sala de aula era palpável. Acho que cada um estava com seus próprios pensamentos, talvez fazendo as mesmas perguntas. O filme terminou, os questionamentos sobre nós mesmos, certamente não... a única certeza que tenho é que nunca mais serei a mesma depois desse filme.

PRÉ-PROJETO DE TCC - SEPARAÇÃO - QUANDO O OUTRO VAI E LEVA TUDO, ÀS VEZES ATÉ MESMO A ALMA




UNIVERSIDADE ANHANGUERA-UNIDERP




LUZIA ALMEIDA GONÇALVES






SEPARAÇÃO – QUANDO O OUTRO VAI E LEVA TUDO, ÀS VEZES ATÉ MESMO A ALMA













CAMPO GRANDE – MS

2012





LUZIA ALMEIDA GONÇALVES







SEPARAÇÃO – QUANDO O OUTRO VAI E LEVA TUDO, ÀS VEZES ATÉ MESMO A ALMA







Pré-projeto apresentado na Disciplina de Projetos Experimentais I, como requisito básico para a apresentação do TCC do Curso de Comunicação Social com Habilitação em Jornalismo, da Universidade Anhanguera-Uniderp, sob a orientação do Prof. Esp. Carlos Kuntzel.















CAMPO GRANDE–MS

ABRIL - 2012







FICHA TÉCNICA



1. DADOS DE IDENTIFICAÇÃO



1.1 – TÍTULO DO PROJETO:



Separação – Quando do outro vai e leva tudo, às vezes até mesmo a alma



1.2 – DADOS DA ACADÊMICA:



Luzia Almeida Gonçalves

RA: 1.901.411.394



1.3 – ORIENTADOR:



Professor Esp. Carlos Alberto Kuntzel



1.4 – TIPO DE TRABALHO:



( ) teórico

(x) Prático



1.5 – EIXO TEMÁTICO:



( ) Comunicação e Ambiente Rural

( ) Mídia e Tecnologia

(x) Comunicação, Cultura e Sociedade

( ) Jornalismo, Ética e Mercado de Trabalho

( ) Jornalismo e Cidadania







ÍNDICE




1. INTRODUÇÃO ................................................................................................... 05

2. JUSTIFICATIVA ................................................................................................... 08

3. METODOLOGIA ................................................................................................... 14

4. OBJETIVOS

3.1 GERAL ................................................................................................................ 18

3.2 ESPECÍFICOS ..................................................................................................... 18

5. SUMÁRIO COMENTADO .................................................................................... 19

6. CONCLUSÃO ......................................................................................................... 20

7. CRONOGRAMA DE ATIVIDADES..................................................................... 22

8. REFERENCIAL TEÓRICO .................................................................................. 23





1. INTRODUÇÃO


Quanto tempo se passou daquela cena? Nós, diante da porta, de frente um para o outro, mas as cabeças abaixadas. A porta se fechou. Escutei o som do elevador descendo. Estava só. Completamente só, inteiramente só. O mundo parou. O silêncio era ensurdecedor. Nenhuma lágrima, nenhum soluço, nenhum desespero, nenhuma sensação de perda. Nada. Só ecoavam em meus ouvidos as palavras do meu velho pai, quando dei a notícia do casamento: o problema é seu... será que ele já sabia que seria um problema?

E, assim, ajudei a engrossar as estatísticas que deixam Mato Grosso do Sul entre os cinco estados com maior índice de divórcio no Brasil. É, hoje em dia casar e separar parece ter se tornando tão simples quanto trocar de roupa.

Mas, não fui a única a ajudar aumentar as estatísticas. Nesse meio tempo, muitos amigos também se separaram. Cada um sofreu do seu jeito. Uns sofreram como se sofre quando morre alguém próximo, outros por medo de enfrentar os preconceitos que ainda existem na sociedade machista em que vivemos, outros, pelos filhos. Mas, ainda, tiveram aqueles que encararam a situação como algo necessário, porque haviam sofrido o suficiente dentro do relacionamento. Para alguns, o desgaste chegou a tal ponto de perceber que não seria mais possível continuar vivendo juntos. Viram a possibilidade de ter uma nova chance de começar de novo, uma nova história.

De repente, parei de entender porque razão cada um age de uma forma diferente, reage de uma forma diferente. Me senti diante de um quadro de Kandinsky¹: uma tela gigante e abstrata, com traços e formas que, para mim, com nada se parece.

1. Wassily Kandinsky foi o pioneiro do abstracionismo nas Artes Plásticas e nasceu na cidade de Moscou em 16 de dezembro de 1866.


E, como o que move o mundo são as perguntas, sempre me questionava por que motivo tantos casamentos estavam terminando em divórcio. Então, para quem sabe encontrar alguma resposta, comecei a fazer terapia e a ler muitos livros.

Em uma das minhas “viagens” pelas livrarias peguei um livro que chamou minha atenção pelo título: “Fora de Mim”. Li a sinopse, mas não me empolguei. Não botei fé, mas uma vozinha sussurrava que devia levar. Li suas cento e trinta e uma páginas com a mesma rapidez com que se bebe um copo de água, ou uma cerveja estupidamente gelada, em um dia de sol com temperatura em torno de uns 40º. Me vi em pelo menos umas noventa páginas e, naquele momento, duas coisas passaram pela minha cabeça: que eu não estava só (alguém tinha uma história semelhante a minha) e que iria escrever um livro-reportagem contando minha experiência e a de outras pessoas que também haviam passado pelo processo de separação. Era como se o espermatozoide tivesse fecundado o óvulo. Começava ali a ser concebido o tema para o meu Trabalho de Conclusão de Curso.

Lendo o livro Páginas Ampliadas, em busca da identificação do meu livro-reportagem, o magnífico autor Edvaldo Pereira Lima literalmente enfiou o dedo na minha ferida quase cicatrizada. Ele disse que quando o autor escreve sobre determinado tema, o que o leva a escrever é uma dor profunda, algo que deve ter mexido muito com seu ser e precisa ser limpo, purificado. Que essa purificação acontece pelo texto, que ganha então uma conotação de instrumento de cura psicológica. As palavras de Lima me fizeram crer que o resultado desse livro-reportagem poderá trazer compreensão do tema tanto para mim quanto para aquelas pessoas que passaram pelo trauma da separação, e também para qualquer pessoa que esteja interessada no assunto, como forma de ampliar conhecimento.

Para humanizar o livro-reportagem não utilizarei roteiros pré-definidos de perguntas, o que pretendo é, num primeiro momento, deixar a conversa fluir naturalmente, evitando interrupções. A intenção é conversar, um bate-papo leve, um relembrar de fatos e situações. Recordar como cada fonte conheceu seus parceiros, como era a convivência diária e, mais tarde, o que levou ao fim do relacionamento.

Caso os objetivos específicos não sejam atingidos nessa primeira fase, aí sim, num segundo momento, farei perguntas mais direcionadas, como a questão dos prováveis motivos da separação, dos sentimentos durante e após o processo de separação e quais são as expectativas em relação a um novo relacionamento.

Não quero que esse livro-reportagem seja um livro de receitas, muito menos um manual de instrução, ou que se transforme em um filme: O que fazer para não se separar, em 10 lições; mas, espero, de coração, que o leitor possa encontrar algumas respostas, possa compreender os sentimentos, o sofrimento de uma pessoa que esteja passando, ou tenha passado, por um processo de separação.

Espero que o livro possa ajudar a evitar erros futuros, que vivem se repetindo, porque a pessoa sensata aprende com os erros dos outros. E, para finalizar, lembrando a velha máxima de que conhecimento nunca é demais, cito um provérbio chinês que diz: “Nunca é tão fácil perder-se como quando se julga conhecer o caminho”.



Convido você, rebelde, a voar mais longe. (Cremilda Medina)



2. JUSTIFICATIVA





Embora necessário em muitas situações, quando um casal não se considera mais capaz de vencer as dificuldades, o divórcio é uma situação bastante estressante. Dentre muitos sentimentos, a separação traz sensação de fracasso e impotência, geralmente causados pela ausência ou perda de alguém com quem se convivia.

Por que escrever sobre separação? Afinal, qual o interesse público relevante em se investigar a causa do desaparecimento do afeto ou do desamor?

O objetivo deste trabalho é compreender como se vivencia a separação amorosa e o que faz com que esta separação seja sentida de maneira tão sofrida e dolorosa por muitos. E, nesse aspecto, o jornalismo poderá ajudar a tornar público essa problemática, levando ao público o conhecimento.

Para isso é preciso descobrir novas maneiras de humanizar o jornalismo e desbravar problemáticas da realidade. Para Said (2005), o jornalista precisa ir além da observação e difusão superficial de temas que exigem um aprofundamento, é preciso atuar com voz sobre o olhar da massa que se manifesta, ajudando o público a obter mais informações.

Uma rápida consulta aos dados estatísticos disponíveis aponta o crescimento das taxas de divórcio. Segundo pesquisa feita pelo IBGE sobre o Registro Civil em 2010, Mato Grosso do Sul registrou 3.900 divórcios concedidos em 1ª Instância, com uma taxa geral de divórcio de 2,7%, o que o coloca na 3ª posição entre as maiores taxas do País. Em 2008 a taxa de divórcio em Mato Grosso do Sul era de 2%. No ano seguinte passou a 2,30% e em 2010 chegou a 2,70%, na média. No ranking de capitais brasileiras, o maior índice de divórcios entre a população com 20 anos ou mais, volta a ser de Campo Grande com 2.148 divórcios, fato que corresponde a uma taxa de 4%, bem acima da média nacional.

A notícia foi divulgada e, em nenhum momento, se questionou quais as razões que estão levando tantos casais (especificamente no Estado de Mato Grosso do sul) a se separarem.

Além desse crescimento considerável no índice de separações, pergunta-se quem, em algum momento da vida, não ouviu falar de alguém que está em processo de separação? Esse assunto toca um grande número de pessoas, por isso a sua relevância social.

A mídia impressa utilizada será o livro-reportagem, que vai trazer à tona a problemática que envolve a dissolução do casamento. A escolha pelo livro-reportagem para a abordagem foi pontuada pelo fato de ajudar na eliminação do tratamento superficial utilizado pelas diversas mídias e tem a “missão de cravar no círculo mais largo, profundo, na leitura da cativante e complexa realidade que é o mundo contemporâneo” (LIMA, 2009, p. 134). Ainda sobre a relevância do livro-reportagem, assim preceitua Edvaldo Pereira Lima (2009, p. 4):



O livro-reportagem cumpre um relevante papel, preenchendo vazios deixados pelo jornal, pela revista, pelas emissoras de rádio, pelos noticiários da televisão, até mesmo pela internet quando utilizada jornalisticamente nos mesmos moldes das normas vigentes na prática impressa convencional. Mais do que isso, avança para o aprofundamento do conhecimento do nosso tempo, eliminando, parcialmente que seja, o aspecto efêmero da mensagem da atualidade praticada pelos canais cotidianos da informação jornalística.



Apesar de algo comum nos dias atuais, a separação jamais deixou de ser um processo doloroso, onde as partes geralmente apresentam um sofrimento psíquico, uma frustração pessoal provocada pela não-realização de esperanças e anseios.

Segundo Regina Navarro Lins e Flávio Braga (2006, p. 113) até o casal “Chegar a perceber que o casamento traz mais frustrações do que alegrias é uma trajetória bastante sofrida”. E, continua:



Não são raras as tentativas de desmentir o que se está sentindo, principalmente pelas expectativas de realização afetiva depositadas na relação. Em algum momento pode-se chegar à conclusão de que o próprio casamento não funciona porque nunca funcionou ou porque atingiu seu fim natural. Muitas vezes, apesar de se ter uma visão clara do que está ocorrendo, adia-se qualquer tipo de decisão. (LINS, BRAGA, p. 114).



Judith S. Wallerstein e Joan B. Kelly (1998) realizaram um estudo extraordinário de sessenta famílias californianas durante os primeiros cinco anos após o divórcio e compilaram suas pesquisas na obra Sobrevivendo à Separação.

Dezoito meses após a separação muitas questões ainda não estavam resolvidas na vida dos pais e dos filhos. Sentimentos de raiva, humilhação e rejeição ainda eram intensos; a maioria dos adultos ainda não tinha restabelecido uma estabilidade e continuidade em suas vidas, ou uma ordem em sua estrutura doméstica. (WALLERSTEIN e KELLY, 1998, p. 14).



A separação, segundo Caruso (1989), é uma das experiências mais dolorosas pelas quais pode passar o ser humano. Por ser vivo em diferentes níveis e etapas, o processo de separação é muito complexo. Para o autor, estudar a separação amorosa significa estudar a presença da morte na vida, ou seja, na separação há uma sentença de morte recíproca: “o outro morre em vida, mas morre dentro de mim... e eu também morro na consciência do outro” (CARUSO, 1989, p. 20).



Sair de um casamento é difícil, e não só por causa das complicações jurídicas/financeiras da enorme mudança de estilo de vida. É o impacto emocional que é de matar, o choque de sair do caminho conhecido de um estilo de vida convencional e perder todos os agradáveis confortos que mantêm tanta gente nesse caminho para sempre (GILBERT, 2008, p. 102).



Martha Medeiros (2010), em relatos de sua própria experiência, assim descreveu a dor da separação:



É uma dor tão recorrente na vida de tantas mulheres e tantos homens, é assunto reprisado em revistas, é um sofrimento tão clássico e tão narrado em livros, filmes e canções, que mesmo que eu não lembrasse, lembrariam por mim. É uma dor que se externa. Uma dor que se chora, que se berra, que se reclama. Uma dor que tentamos compreender em voz alta, uma dor que levamos para o consultório dos analistas, uma dor que carregamos para mesas de bar, e que vem junto também para a solidão da cama, para o escuro do quarto, onde permitimos que ela transborde sem domínio e sem verbo (2010, p. 86-87).



Medeiros (2010) fala da morte do amor, que é pior que a morte de uma pessoa porque essa morte é um fim que, usualmente, não se questiona. “A morte de um amor, ao contrário, é viva. O rompimento mantém todos respirando: eu, você, a saudade, a mágoa, o desprezo – tudo segue. E ao mesmo tempo não existe mais o que existia antes. É uma morte experimental: um ensaio para você saber o que significa a morte ainda estando vivo, já que quando morremos de fato, não saberemos” (2010, p. 50-51).

Outros autores compartilham da mesma ideia, e acrescentam novas perspectivas, como, por exemplo, Elizabeth Gilbert (2008). A autora relata sua experiência de separação e a compara a “ter um acidente de carro gravíssimo todo santo dia durante mais ou menos dois anos” (2008, p. 29). E, continua, “[...] não conseguíamos descobrir como parar de tornar o outro desesperadamente, alucinadamente, desgraçadamente infeliz” (2008, p. 89).

A intenção desse livro-reportagem é, por meio de relatos de histórias de vida de homens e mulheres, investigar quais são os principais fatores que vão da construção até a dissolução do casamento, quais são os sentimentos envolvidos e as diferenças de intensidade quanto ao gênero, e a expectativa de futuros relacionamentos.

Serão pontuados, ainda, alguns prováveis motivos de separação como infidelidade, perda da capacidade de comunicação, apagamento do prazer de estar juntos, insatisfação sexual, baixa tolerância aos comportamentos do parceiro. Para isso serão analisados os sentimentos durante e após o processo de separação, a motivação do desejo de separação (o que motivou), efetivamente a decisão da separação (quem decidiu) e quais são as expectativas de ambos em relação a um novo matrimônio.

A questão cultural também será um dos pontos de observação na pesquisa. Se analisarmos homens e mulheres há 40 ou 50 anos a realidade era muito diferente da atual. Naquela época eles exerciam papéis sociais bem delimitados, enquanto o homem era o provedor, a mulher exercia apenas o papel de mãe e dona de casa, e, raramente trabalhava fora. Essa dependência financeira, de certa forma, impedia que a mulher de pensar na possibilidade de desenvolver seus potenciais pessoais. Daí os raros casos de separação aconteciam.

Hoje homens e mulheres (independentes financeiramente) estão em busca de um relacionamento onde haja respeito, prazer em estar juntos e que se respeite a individualidade. Quando esses pré-requisitos não são alcançados pode acontecer o rompimento.

Giusti (1987) relaciona que podem ser possíveis causas “a perda da intensidade e calor emotivos, a insatisfação sexual, o apagamento do prazer de estar juntos, a perda da capacidade de comunicação” (p. 28).

A infidelidade, em muitos casos, é fator determinante de uma separação. Giusti (1987) preconiza que: “A infidelidade torna-se mais um indício de um estado de incertezas e insatisfações do que uma alternativa real para um casamento que chegou ao fim” (p. 29).

A pesquisa de Judith S. Wallerstein e Joan B. Kelly (1998) revelou, dentre outras coisas que as pessoas optam pelo divórcio por motivos complexos, alguns dos quais têm pouca relação com a incompatibilidade conjugal. Quanto à natureza ou circunstâncias do divórcio, a pesquisa assim classificou:



chamamos de racional – isto é, realizado para desfazer um casamento infeliz que provavelmente não vai mudar – [...] alguns casos de pessoas que lutavam para escapar de um casamento com um parceiro mentalmente doente. Esta luta era uma provação para a pessoa que estava buscando o divórcio, em virtude dos conflitos psicológicos criados, da percepção gradual e extremamente dolorosa de que o parceiro era na verdade mentalmente doente, seguida da culpa associada à decisão de divorciar-se e ir embora.

(...) a decisão de divorciar-se seguiu-se a alguma experiência estressante fora do casamento, a qual foi profundamente perturbadora para a pessoa que então iniciou o movimento rumo ao divórcio. A resposta ao estresse externo, em outras palavras, ricocheteou na arena familiar. (WALLERSTEIN e KELLY, 1998, p. 31).



(...) Um exemplo de divórcio realizado impulsivamente é aquele empregado como uma estratégia pelo marido ou mulher ofendidos para punir o parceiro envolvido num caso extraconjugal, e tentar desta maneira fazê-lo voltar ao casamento. (OB. CIT., 1998, p. 33).



Algumas decisões de divórcio foram tomadas no contexto da psicoterapia e com o encorajamento de um terapeuta. Várias dessas decisões ajudaram a libertar pessoas de relacionamentos conjugais em que elas eram exploradas ou abusadas. Algumas decisões de divorciar-se refletiam a necessidade de auto-realização recentemente identificada pela pessoa, e a convicção compartilhada com o terapeuta e do paciente de que o parceiro conjugal representava um obstáculo para a continuação do desenvolvimento do paciente como adulto. (OB CIT, 1998, p. 34).



Seja qual for, há sempre um fator determinante em uma decisão de separação e essa também pode ser uma importante descoberta nos relatos das fontes que serão entrevistadas.

Outro fator relevante é a forma como os gêneros veem o casamento, pois dessa definição depende muitas vezes o fim de um relacionamento.

Em pesquisa de dissertação de mestrado, Magalhães (1993) verificou que, à exceção de uma, todas as mulheres entrevistadas definiram casamento como "relação amorosa", e que quando a relação conjugal não vai bem, sobretudo na sua vertente amorosa - admiração, intimidade e relacionamento sexual - a separação conjugal parece inevitável. Para os homens, entretanto, que definem o casamento como "constituição de família", o fato de a relação amorosa não estar bem não é suficiente para justificar o fim do casamento.

Outro aspecto a ser abordado, e que tem relação com sentimento, será sobre a problematização do divórcio quanto às visitas aos filhos.



Com a separação conjugal, o pai e a criança enfrentam abrupta descontinuidade na forma de seu contato cotidiano. Subitamente, eles precisam adaptar seus sentimentos e necessidades mútuas aos estreitos confins da visita. Nos anos seguintes, o relacionamento pai-filhos dependerá inteiramente do que vai estar comprimido na forma nova e limitada. (WALLERSTEIN, KELLY, 1998, p. 143).



O conhecimento dos fatores que levam tantos casais a se separar, a identificação das possíveis diferenças ou semelhanças nos sentimentos que permeiam homens e mulheres com relação à separação conjugal podem se tornar de grande valia para a comunidade, tendo em vista o elevado número de divórcios em Mato Grosso do Sul.

Dessa forma, fica ressaltada a relevância social do estudo dos aspectos que envolvem a separação conjugal e também o compartilhamento dessas descobertas por meio do livro-reportagem proposto, pois vivemos conectados uns aos outros por intermédio da linguagem, da comunicação.



3. METODOLOGIA DA PESQUISA



O tema será desenvolvido em formato de um livro-reportagem. Na fundamentação teórica serão utilizados livros técnicos e teóricos necessários, além de sites, livros e teses relacionados ao tema separação/divórcio. Segundo Eduardo Belo (2006):



A função básica do livro-reportagem é informar com profundidade. Para que o leitor se sinta impelido à leitura, o texto tem de atraí-lo. O que em geral chama a atenção e prende o leitor à narrativa é a emoção. O texto do livro jornalístico não precisa ser telegráfico, curto, direto, relatorial, sem vida e até burocrático que se vê na maioria dos jornais. Também não precisa ser verborrágico e estar repleto de palavras desconhecidas. Nem exige a presença de adjetivos para transmitir emoção. O que passa emoção é o modo de contar, não os adjetivos que o escritor emprega (p. 120).



Ainda, tomando como base os estudos de Edvaldo Pereira Lima (2004):



Livro-reportagem é parte do mundo do jornalismo, mas possui sua autonomia, que exatamente lhe possibilita experimentações impraticáveis nas redações dos veículos periódicos. Por isso, penetra num território novo, podendo transcender o jornalismo – pelo menos na sua concepção mais conservadora – gerar um novo campo, que os norte-americanos já denominam literatura de realidade. Nesse sentido, o livro-reportagem de grande envergadura é potencialmente um veículo multidisciplinar de comunicação capaz de integrar elementos do jornalismo, da literatura, da antropologia, da sociologia, da história, da psicologia (p. XIV, XV).



Quanto à classificação do livro-reportagem, ele poderá se caracterizar em livro-reportagem-depoimento a partir do seu conteúdo, tendo em vista que, de acordo com Lima, “reconstitui um acontecimento relevante, de acordo com a visão de um participante ou de uma testemunha privilegiada” (LIMA, 2009, p. 54). No livro, serão as visões das pessoas que já se separaram que darão o embasamento.

Poderá também ser caracterizado como livro-reportagem-história, na medida em que apresenta um tema relevante no passado, mas com desdobramentos atuais: “Focaliza um tema no passado recente ou algo mais distante no tempo. O tema, porém, tem em geral algum elemento que o conecta com o presente, dessa forma possibilitando um elo comum com o leitor atual” (LIMA, 2009, p. 54).

Também poderá ser caracterizado livro-reportagem-atualidade, pois de acordo com Lima (2009), nesse tipo de livro são abordados temas atuais dotados de maior perenidade no tempo, mas cujos desdobramentos finais ainda não são conhecidos. Assim, permite ao leitor resgatar as origens do que ocorre, seu contorno do presente e as tendências possíveis do seu desfecho no futuro. Facilita a identificação das forças em conflito que poderão determinar o desfecho. Faz o leitor acompanhar, com maior profundidade de conhecimento, uma ocorrência de maior magnitude que esteja em progresso.

Outra mescla desse livro-reportagem será o ensaio pessoal, onde a autora relata fatos pessoais relacionados ao tema. Conforme preceitua Lima (2009):



(...) o autor escreve sobre um tema por que há um motivo individual muito forte que o impele a fazer isso, de caráter emocional ou intelectual, ou ambos. Há uma necessidade premente de compreensão. O instrumento que um autor tem em mãos para contar e pensar uma experiência de vida importante, sua ou dos outros, é a escrita. Por isso, conta e filosofa a respeito, procura entender. Normalmente, o que o move é uma dor profunda, algo que mexeu muito com seu ser e precisa ser expurgado. A expurgação acontece pelo texto, que ganha então uma conotação de instrumento de cura psicológica (p. 431).



Para usar o ensaio pessoal será exigida muita coragem da autora, porque ela terá que ter disposição de se despir inteira para o leitor. A respeito do tema filosofa Lima (2009):



O ensaio pessoal exige, portanto, muita coragem do autor. Disposição para despir-se por inteiro para o leitor. A humanização que se destaca nesse caso é a do próprio escritor, sua vulnerabilidade diante de acontecimentos sumamente tocantes, revela-se frágil ou tomando consciência de seus limites, diante dos paradoxos da vida. Ele é o protagonista da sua própria história, mas não a conta, apenas. Filosofa. Mas faz isso de um patamar de necessidade orgânica profunda. O movimento para expor seu mundo interior procede das entranhas. A cura vem pela exposição (p. 432).



Para a construção das histórias de vida no livro-reportagem, a serem utilizadas como suporte de pesquisa, serão selecionados representantes do sexo masculino e do sexo feminino, com perfis variados, que relatarão suas experiências vividas no processo de separação. Sobre histórias de vida Lima reflete que “Seu grande mérito, com essa opção, é criar um verdadeiro plurálogo das vozes que vivenciaram, sob diferentes prismas, a mesma realidade.” (LIMA, 2009, p. 120). A memória, utilizada como um recurso, resgata os acontecimentos psicológicos e sociais dos personagens envolvidos, sobre o processo de separação.

Pesquisa realizada por Carneiro (2003), a respeito de processo de separação, revelou que houve diferenças relevantes entre as vivências masculinas e as femininas em relação aos diferentes sentimentos: desejo de separação, decisão de separação, processo de separação e a construção de uma nova identidade. Decorre daí a opção pela escolha de homens e mulheres como fontes para a construção das histórias.

Com a visão multidimensional nessa forma de captação, em como o autor orientar a entrevista, ouvir e contar as histórias de vida e resgatar a memória, o livro-reportagem se transformará em algo profundo, com leitura cativante e com demonstração da complexa realidade que é o mundo contemporâneo.

A técnica de entrevista será a neoconfissão, dessa forma não será criado um roteiro prévio de perguntas e respostas. Na modalidade da neoconfissão “o entrevistador se apaga diante do entrevistado. Este não continua na superfície de si mesmo, mas efetua, deliberadamente ou não, o mergulho interior. Alcançamos aqui a entrevista em profundidade da psicologia social.” (MORIN apud MEDINA, 2000, p. 15).

Para melhor aprofundamento será escolhido um ambiente nos qual o entrevistado sinta-se confortável, de forma a poder mergulhar no seu mais íntimo e transformar em emoção, suas palavras, “a entrevista significa um diálogo olho no olho, feito entre as vistas dos interlocutores...” (BELO, 2006, p. 101). Com esse mergulho em situações e questões poderá o livro “ter melhores chances de encontrar o âmago dos conflitos. Essa abertura facilita, em adendo, um enfoque precisamente sistêmico, contextualizador dos temas da contemporaneidade”. (LIMA, 2009, p. 86).

Percebe-se pela concepção de BELO (2006), que a credibilidade da história será maior se for realizada pessoalmente e em um ambiente propício. Isso possibilita ao autor observar o comportamento, o modo de viver daquela fonte, o gestual, além do contato direto aproximar as fontes da verdade, porque para a maioria das pessoas é mais fácil mentir à distância do que olhando nos olhos.

Levando em conta todos esses aspectos, e, ainda, a forma humanizada (histórias de vida) e o modo de contar essas histórias, o leitor se sentirá mais atraído e próximo ao assunto abordado.



Ao contar a estória, ou melhor, neste caso, as histórias do momento – matéria-prima da matéria – terá de adotar um modo de contar. (...) Ao narrar, há a participação invisível do autor, que seleciona traços por ele considerados fundamentais e os põe vivamente em cena, dramatizando-os. É neste sentido que o tempo e o espaço reais, ao serem representados simbolicamente, podem abandonar a logicidade externa, descritiva, em favor de uma dinâmica interna, narrativa (MEDINA, 2000, p. 77).



Optar por utilizar narrativas é partir para a desconstrução/construção das próprias experiências do autor e das fontes. O modo de contar as histórias é de extrema relevância, pois, ao relatar fatos vividos pela fonte há uma reconstrução da sua trajetória. Ao ouvinte-autor cabe a atenção a cada etapa dos relatos, especialmente quando a fonte destaca situações, suprime episódios, reforça influências, nega etapas, lembra e esquece, tudo pode ser explorado. Medina (2000) relembra que “(...) Na busca de estruturação de uma narrativa nos deparamos com revelações de nossos personagens e suas ações, ou, em outros termos, dos protagonistas dos fatos sociais. (...) Importa, mais do que fórmulas, um repertório rico de formas” (2000, p. 80).

Para finalizar, quanto aos recursos técnicos, serão utilizados gravador e máquina fotográfica para o registro das entrevistas e, para a parte de edição, Adobe Indesign e Adobe Photoshop.





4. OBJETIVOS



4.1 GERAL

Investigar os motivos pelos quais os casais se separam.



4.2 ESPECÍFICOS



• Comparar as visões de homens e de mulheres quanto a fatores relacionados à concepção, construção e interrupção dos casamentos.

• Identificar quais os sentimentos, do homem e da mulher, se fazem presentes no momento da separação conjugal.

• Verificar quais são as expectativas, do homem e da mulher, quanto a futuros relacionamentos.



5. SUMÁRIO COMENTADO



• INTRODUÇÃO: Valéria Macedo dará um enfoque psicológico ao tema.

• CAPÍTULO 1: O início do fim – autora relatará sua experiência de separação

• CAPÍTULO 2: O homem invisível - O ausente – entrevistada traz relatos de sua separação

• CAPÍTULO 3: Contigo e sentigo - entrevistado traz relatos de sua separação

• CAPÍTULO 4: Três filhos e uma separação - entrevistada traz relatos de sua separação

• CAPÍTULO 5: Não dançando conforme a música - entrevistado traz relatos de sua separação

• CAPÍTULO 6: O casamento invisível – entrevistado traz relatos de sua separação

• CAPÍTULO 7: Até que o casamento nos separe - entrevistado traz relatos de sua separação

• CAPÍTULO 8: Amo você quando não é você - entrevistado traz relatos de sua separação

• CAPÍTULO 9: Depois do fim... um estopim - entrevistado traz relatos de sua separação

• CAPÍTULO 10: Infeliz Ano Novo - entrevistado traz relatos de sua separação




6. CONCLUSÃO


Pensar em separar é difícil. Separar é ainda mais complicado. Às vezes é estranho. Apesar de vivermos em uma sociedade que encara com naturalidade a separação, ainda assim só quem passa pelo processo é que sabe as complicações e traumas que o divórcio traz. Falo isso por experiência própria. Ainda estou tentando curar minhas cicatrizes.

Impotência, desespero, culpa, medo, indecisão, alívio, rejeição... Quais sentimentos insistem em acompanhar aquele que toma a decisão e também aquele que é comunicado da separação? Por que adiar o que, muitas vezes, é inevitável? Quantos casais moram sob o mesmo teto, mas não se falam, não se respeitam, não sentem alegria, não são companheiros, nem mesmo amigos... e ainda assim seguem “juntos”. O que sobrou dos sonhos, das expectativas, dos planos? Quais as perdas e ganhos num processo de separação? Como passar pelo processo com o menor número de cicatrizes possível? Sentir alívio é ruim? Será possível transformar o momento de crise em algo positivo, uma oportunidade de reconstruir o seu novo “eu”? Será que é possível enxergar com clareza sua responsabilidade, sua parcela de culpa e sua capacidade de perdoar a si e ao outro? E o futuro, será que voltaremos a ter a capacidade de amar novamente? E como será nossa postura em relação às dificuldades: fugir ou encarar?

Acredito que essas e outras perguntas possam ser respondidas em cada história, cada relato, provavelmente em cada lágrima que será derramada, em cada indignação e também em meio a muitos sorrisos, porque a vida é assim, uma mistura de sentimentos.

Sei que não será fácil relembrar cada bom momento e também cada momento difícil, porque quando a gente fala em separação, não é separar a roupa velha do armário que não serve mais, ou separar o que já venceu na despensa, nem jogar a cebola que já estragou. Estaremos lidando com vidas, com gente, com sequelas. De sonhos desfeitos. De juntar os cacos e optar por colar... ou não.

Porque tudo isso vai implicar também nas lembranças. Vai fazer lembrar os momentos de solidão, que, certamente não foram poucos, dos “amigos” que sumiram porque você já não cabe mais no círculo de amizade. Mas, também vai se lembrar dos amigos verdadeiros, que enfrentaram situações por você, que te defenderam e te apoiaram e, muitas vezes, te colocaram no colo e te viram chorar. Tudo serão lembranças. Doloridas. Que o tempo, nem mesmo o tempo, muitas vezes, não é capaz de apagar.

Possivelmente em algum momento vai bater aquele sentimento de culpa, de arrependimento, de não ter contado até dez, de não ter colocado um gole de água na boca (pra impedir de falar) e ter esperado até a raiva passar.

Quem sabe haja nova descoberta, de que a decisão foi a mais acertada de que foi o melhor a ser feito, mas isso talvez não impeça de sofrer e chorar e de saber que não dá para dormir e acordar sem passado. Sem memória.

As conversas, os bate-papos serão uma queda livre rumo ao infinito... não sei ao certo onde tudo isso vai dar, só lendo o livro é que será possível descobrir...





7. CRONOGRAMA DE ATIVIDADES








CRONOGRAMA DAS ATIVIDADES



ATIVIDADES ANO: 2012



J F M A M J J A S O N D

Leituras de fundamentação teórica

Entrevistas com os personagens x x x

Elaboração do livro-reportagem x x

Revisão e correção x

Diagramação x

Entrega do trabalho definitivo à banca x

Apresentação para a banca examinadora x



8. REFERENCIAL TEÓRICO



BAUMAN, Zygmunt. Modernidade Líquida. Rio de Janeiro : Jorge Zahar, 2001.



BELO, Eduardo. Livro-Reportagem. São Paulo: Contexto, 2006.



CARUSO, Igor. A separação dos amantes. São Paulo: Diadorim Cortez, 1989.



CIPRO NETO, Pasquale. Gramática da Língua Portuguesa. São Paulo: Scipione, 1998.



GILBERT, Elizabeth. Comer, Rezar, Amar. Rio de Janeiro : Objetiva, 2008.



GIUSTI, Edoardo. A Arte de Separar-se: Um guia para uma separação sem traumas antes, durante e depois. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1987.



GULLAR, Ferreira. Sem razão em Parati. Folha de São Paulo. São Paulo. 20 agosto 2006. Ilustrada, E10.



LIMA, Edvaldo Pereira. Página Ampliadas: O livro-reportagem como extensão do jornalismo e da literatura. Barueri: Manole, 2004.



LIMA, Edvaldo Pereira. Página Ampliadas: O livro-reportagem como extensão do jornalismo e da literatura. Barueri: Manole, 2009.



LINS, Regina Navarro e BRAGA, Flávio. Separação. Rio de Janeiro : BestSeller, 2006.



MAGALHÃES, Andrea Seixas. Individualismo e conjugalidade: um estudo sobre o casamento contemporâneo. Rio, 1993.



MEDEIROS, Martha. Feliz por Nada. Porto Alegre : L&PM, 2012.



MEDEIROS, Martha. Fora de Mim. Rio de Janeiro : Objetiva, 2010.



MEDINA, Cremilda de Araújo. Entrevista, O Diálogo Possível. São Paulo : Ática, 2000.



PENA, Felipe. Jornalismo Literário. São Paulo : Contexto, 2005.



SAID, Edward. Representações do Intelectual. São Paulo : Companhia de Letras, 2005.



TRALDI, Maria Cristina e DIAS, Reinaldo. Monografia Passo a Passo. Campinas, SP : Editora Alínea, 2011.



WALLERSTEIN, Judith S. e KELLY, Joan B. Sobrevivendo à Separação: como pais e filhos lidam com o divórcio. Porto Alegre : ArtMed, 1998.



WOLFE, Tom. Radical Chique e o Novo Jornalismo. São Paulo: Companhia das Letras, 2005.

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Sintomas de que vivemos em uma sociedade doente: o papel do jornalista nessa sociedade


Tenho saudade de um tempo, e isso nem foi há muito tempo, que as pessoas tinham tempo umas para as outras, que o objetivo principal não era ter o melhor carro, a melhor roupa, a melhor casa, o melhor emprego.

Que ouvia o programa de rádio, que tocava boas músicas, noticiava coisas de interesse social. Que ligava a TV para assistir a programação e o que via e ouvia era algo mais leve, menos impregnado de barbáries, sangue, violência, corrupção. Com novelas, até gostava delas, onde as pessoas conversavam, não gritavam, umas com as outras, nem queriam trair, matar. Esse tempo existiu!

Hoje estamos envolvidos com os compromissos, agendas lotadas, palestras demoradas, filas intermináveis, trânsito caótico. Todos querendo saber muito e sabem quase nada. Uma superficialidade imensurável, porque acabamos fazendo muita coisa, mas sem qualidade. Essa é a modernidade, o caminho da loucura.

E, com toda essa correria, falta tempo de pensar nos valores que realmente são importantes, hoje “relativizados”, pois a banalização chegou a tal ponto que até comportamentos condenáveis são julgados com condescendência pela opinião pública. E, nesse ponto, entra a mídia com a sua responsabilidade social. Também o jornalista que precisa mensurar que a informação a ser mostrada ao público é realmente importante para o interesse da sociedade.

As coberturas jornalísticas estão doentias e torna doentia a sociedade. Falta juízo aos donos de mídia, principalmente quando falam de banalidades e minúcias e omitem o que seria útil. Desejos obscuros de lucro, status, poder fazem os profissionais da área de jornalismo esquecer o fundamento básico dessa profissão para a sociedade, que é o direito ser bem informado e o interesse público.

É um triste cenário! O relativismo moral assola tornando a sociedade eticamente doente, num país onde se aceita tudo com naturalidade, desde não se informe a construção real da verdade.

A mídia tem divulgado escândalos, porém, o desfecho desses escândalos geralmente termina em outro escândalo, e, nessa sequência, aceitamos a relativização da verdade. Em todo esse contexto é preciso que os jornalistas tenham consciência de suas verdadeiras funções para que não se tornem, apenas, produtores de mídia.

projeto de um site

Saiba mais sobre jornada de trabalho.
Você sabe quando vai tirar suas férias?

Saiba quando você recebe o seu décimo terceiro.
Saiba se você tem direito ao aviso prévio.


Se você é trabalhador rural ou trabalhador doméstico descubra seus direitos

no site: www.direitosdostrabalhadores.com.br

sabe por que? os direitos do trabalhador devem ser respeitados.


1 - NOME

www.direitosdostrabalhadores.com.br


2- OBJETIVOS


2.1 OBJETIVO GERAL

• Informar sobre os direitos básicos dos trabalhadores urbanos e rurais para o público que não tem conhecimento da linguagem jurídica.

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

• Informar, de forma criativa, sobre direitos referentes a férias, décimo terceiro, FGTS, licença-gestante, aviso prévio, jornada de trabalho, trabalhador rural e trabalhador doméstico.
• Descrever as principais dúvidas sobre o assunto.



3 - JUSTIFICATIVA

Em geral, os sites que informam os direitos dos trabalhadores utilizam uma linguagem pouco adequada, ou seja, utilizam a linguagem jurídica. O site www.direitosdostrabalhadores.com.br terá como diferencial a linguagem acessível ao público que desconhece essa linguagem.
Para atingir o público jovem e também adulto, serão utilizados vídeos criativos que explicam de maneira clara e objetiva os direitos básicos dos trabalhadores.

4 - CONCLUSÃO
Quando se questiona alguém sobre o conhecimento dos seus direitos trabalhistas básicos, em geral há um desconhecimento. Criar um site criativo, que atinja o maior número possível de público e pensar no interesse público é o papel de todo bom jornalista.

5 -ORGANOGRAMA

JORNALISMO NA INTERNET - Planejamento e produção da informação on line

RESUMO DO LIVRO DE J.B. PINHO


ARPAnet - Os primórdios da Internet

A rede antecessora da Internet foi formada inicialmente pela conexão de computadores de quatro hosts, da Universidade da Califórnia em Los Angeles (UCLA), do Stanford Research Institute (SRI), da Universidade da Califórnia em Santa Bárbara (UCSB) e da Universidade de Utah.
Os pesquisadores e cientistas envolvidos no projeto puderam começar a tarefa de identificar os principais problemas a serem resolvidos para que os computadores da rede fossem capazes de se comunicar entre si. Em primeiro lugar, era prioritário estabelecer conjuntos de sinais previamente determinados que abrissem os canais de comunicação, permitissem a passagem dos dados e, em seguida, fechassem os mesmos canais, padrões que foram chamados de protocolos.
O Transmission Control Protocol (TCP) e o Internet Protocol (IP) oferecem 4 bilhões de endereços diferentes e utilizam uma arquitetura de comunicação em camadas, com protocolos distintos cuidando de tarefas distintas. Ao TCP cabia dividir mensagens em pacotes de um lado e recompô-los do outro. Ao IP cabia descobrir o caminho adequado entre o remetente e o destinatário e enviar os pacotes. A ARPAnet adotou progressivamente o TCP/IP, que funcionou em paralelo com o NCP, até o dia 1º de janeiro de 1983, quando cada máquina conectada com a ARPAnet teve de passar a usar o novo conjunto de protocolos TCP/IP.
Os grupos de discussão multiplicaram-se rapidamente e a Usenet (grupos de discussão em que os leitores podiam compartilhar informações, ideias, dicas e opiniões) passou a utilizar cada vez mais a ARPAnet como principal canal de distribuição, o que obrigou à criação de mais um protocolo de transmissão próprio, o Net News Transfer Protocol (NNTP). Outra inovação aconteceu em 1980, com a formação da Because It’s Time Network (Bit-net), uma rede acadêmica da City University de Nova York, com conexão à Universidade de Yale, que utiliza sistemas de correio eletrônico e um mecanismo conhecido como “listserv”, que permitia aos usuários publicar artigos e subscrever mailing list especializadas em determinados assuntos enviado mensagen para um servidor de listas.

Web – a teia de alcance mundial

A web é provavelmente a parte mais importante da Internet e, para muitas pessoas, a única parte que elas usam, um sinônimo mesmo de Internet. Mas a World Wide Web é fundamentalmente um modo de organização da informação e dos arquivos na rede. O método extremamente simples e eficiente do sistema de hipertexto distribuído, baseado no modelo cliente-servidor, tem como principais padrões o protocolo de comunicação HTTP, a linguagem de descrição de páginas HTML e o método de identificação de recursos URL.
Em 1992, a Internet ultrapassou o número de um milhão de hosts e mais 13 países ligavam-se a ela: Antarctica, Camarões, Chipre, Equador, Estônia, Kuwait, Letônia, Luxemburgo, Malásia, Eslováquia, Eslovênia, Tailândia e Venezuela. A Internet Society é constituída como organização internacional para coordenar a Internet, suas tecnologias e aplicativos, tendo como um dos seus órgãos o Internet Arquiteture Board (IAB), um grupo voltado à supervisão e manutenção dos protocolos TCP/IP.
Em 1993, os meios de comunicação e o mundo dos negócios descobrem a Internet, enquanto a ONU inaugura sua página na rede, no endereço HTTP://www.un.org. a Casa Branca monta o seu site HTTP://www.whitehouse.gov e divulga o endereço eletrônico do presidente dos Estados Unidos (president@whitehouse.org). Os indicadores são espantosos: o tráfego na www cresce a uma taxa anual de 341,64%. O número de hosts da Internet dobra em um ano, atingindo 2 milhões em 1993, ocasião em que se conectam à rede a Bulgária, Costa Rica, o Egito, Fiji, a Indonésia, o Casaquistão, Quênia, Liechenstein, o Peru, a Romênia, a Rússia, a Turquia, a Ucrânia e as Ilhas Virgens.

Diferenças da Internet em relação à mídia tradicional

Os aspectos críticos que diferenciam a rede mundial das mídias tradicionais são a não-linearidade, fisiologia, instantaneidade, dirigibilidade, qualificação, custos de produção e de veiculação, interatividade, pessoalidade, acessibilidade e receptor ativo.

Jornalismo como processo social e como atividade profissional

No desempenho de suas tarefas, o jornalista percorre as quatro etapas básicas da atividade jornalística, assim descritas por Ward:
• identificar eventos, fatos, experiências ou opiniões que possam ser de interesse do seu leitor ou de determinada audiência;
• coletar as informações necessárias para desenvolver a ideia inicial e para verificar sua exatidão e relevância para o leitor;
• selecionar do material coletado as informações que forem de maior valor e interesse para o leitor; e
• ordenar e apresentar a matéria com total precisão e veracidade, de modo que informe, estimule ou entretenha o seu leitor.


Conceito operacional de jornalismo digital

As tecnologias de comunicação periodicamente resultam em significativas transformações na sociedade e causam grandes mudanças de hábitos e comportamentos. Cada um no seu tempo, o telégrafo, o telefone e o aparelho de fac-símile deixaram suas marcas no comércio, na vida profissional e no nosso cotidiano. Agora chegou a vez da Internet, oferecendo amplos recursos técnicos e um novo suporte para as diversas atividades.
Segundo Elias Machado Gonçalves, “o jornalismo digital é todo produto discursivo que constrói a realidade por meio da singularidade dos eventos, tendo como suporte de circulação as redes telemáticas ou qualquer outro tipo de tecnologia por onde se transmita sinais numéricos e que comporte a interação com os usuários ao longo do processo produtivo”.
O jornalismo digital diferencia-se do jornalismo praticado nos meios de comunicação tradicionais pela forma de tratamento dos dados e pelas relações que são articuladas com os usuários.

Regras de etiqueta da Usenet

O assunto de um artigo é a primeira coisa que as pessoas leem e por isso deve identificar corretamente o seu conteúdo, evitando generalidades do tipo “para sua informação” ou “Leia já”. Por sua vez, a adequação do artigo ao tópico em discussão no grupo de discussão é importante que ele desperte o interesse e a atenção. A certeza de que o artigo será lido, comentado e respondido tem como pressuposto inicial a sua conformidade ao assunto do grupo de notícias.
Da mesma maneira que os grupos de discussão, as listas de discussão possibilitam ao repórter monitorar a discussão de diversos assuntos em áreas específicas, podendo ainda nas suas mensagens enfocar ou levantar aspectos de seu interesse profissional nas questões em discussão. Nesse caso, uma recomendação ética sugerida por Nora Paul é que o usuário se identifique como um jornalista.

Formatos do jornalismo digital

O recente surgimento e desenvolvimento da atividade jornalística na Internet, como adverte o jornalista Leão Serva: “ainda espera um conjunto de procedimentos que consolide as diversas novidades impostas pelas características dos novos meios, e, ao mesmo tempo, aponte aquilo que, por ser essencial à atividade jornalística, permanecerá nestes novos meios”.
A primeira iniciativa partiu do Grupo O Estado de S. Paulo, que, em fevereiro de 1995, colocou a Agência Estado na rede mundial. No dia 28 de maio do mesmo, informa Moherdaui, coube ao Jornal do Brasil a primazia de ser o primeiro veículo a fazer uma cobertura completa no espaço virtual, seguido por outros títulos da grande imprensa, como o Estado de S. Paulo, Folha de S. Paulo, O Globo, O Estado de Minas, Zero Hora, Diário de Pernambuco e Diário do Nordeste.
O papel (átomos) vai cedendo lugar a impulsos eletrônicos (bits) que podem viajar a grandes velocidades pelas auto-estradas da informação.

Sites de agências de notícias

A primeira agência de notícias surgiu nos Estados Unidos em 1848, quando representantes de seis jornais resolveram “usar o telégrafo para unificar as coberturas fora da região. Afinal, a tecnologia era cara demais para um único jornal” (Pereira Júnior). Nasceu então a Associated Press (AP), originalmente constituída em forma de cooperativa e que figura hoje entre as cinco agências de informação consideradas mundiais.
No mundo virtual, a empresa multinacional ainda mantém sites sediados em países como Áustria, Canadá, China, Egito, França, Alemanha, Grécia, Índia, Japão, Rússia e Espanha. O site da Reuters Brasil oferece um canal de notícias e de informações financeiras em tempo real e promove a comercialização dos seus produtos e serviços para a mídia (revista, jornal, rádio, televisão e internet) e para as instituições financeiras entregues eletronicamente com som e imagem.

Portais

O conceito de portal, relacionado com a Internet, nasceu no começo de 1998, para designar os sites de busca que, além dos diretórios de pesquisa, começaram a oferecer serviços de e-mail gratuito, bate-papo em tempo real e serviços noticiosos. Hoje os portais são entendidos como todo e qualquer site que sirva para a entrada dos usuários na World Wide Web, a primeira parada a partir da qual os internautas decidem os passos seguintes na rede mundial.

Sites de instituições e empresas comerciais

A forte influência que a mídia exerce sobre todos os outros setores da opinião pública – irradiando e inculcando neles suas atitudes e percepções a respeito da empresa e dos seus produtos e serviços – permite ainda dizer que os jornalistas são os mais multiplicadores dos públicos.
Os sites institucionais e corporativos empregam estratégias e os recursos on line que podem ser úteis para motivar a visita frequente ao site da empresa e ainda fazer os repórteres confiarem em uma informação objetiva e precisa.

Estratégicas e táticas na criação de sites

Os valores estratégicos presentes em um site de acesso são a identidade (relacionada com os esforços de construção da marca), impacto, audiência e competitividade, todos eles importantes a longo prazo.
A identidade encontra-se nos elementos que não somente permitem reconhecer a empresa ou o Publisher, mas deixam saber se o visitante está no seu site, não importando o ponto em que ele se encontra no momento.
O impacto é obtido ao se dar às pessoas algo que possam falar e comentar. A audiência pode ser entendida como um reflexo da capacidade de o site satisfazer ao target pretendido. Competitividade corresponde a características que mantêm o site na frente da concorrência.
Já os valores táticos são imediatamente visíveis nos sites como o design, conteúdo a produção e a utilidade.
Design – conseguir transpor os objetivos para o plano visual.
Conteúdo – matéria-prima do site.
Produção – aplicar os princípios técnicos da linguagem HTML.
Utilidade – fazer coisas dentro do site (participar de enquetes, preencher formulários, etc.).

Interface homem-máquina e usabilidade

Nos sites jornalísticos, os conteúdos organizam-se nos mesmos moldes dos órgãos de imprensa escrita, ou seja, são agrupados nas diferentes editorias, como política, economia, artes, esportes, ciência, educação, etc.
Conceitos de utilidade, facilidade de uso, facilidade de aprendizagem e apreciação.
Utilidade – capacidade que tem uma ferramenta para ajudar a realizar tarefas específicas.
Facilidade de uso – relação direta com a eficiência ou a efetividade, medida como velocidade ou quantidade de possíveis erros.
Facilidade de aprendizagem – medida de tempo exigida para trabalhar com certo grau de eficiência no uso da ferramenta, e para alcançar certo grau de retenção desses conhecimentos no caso de decorrer certo tempo sem o uso da ferramenta ou do sistema.
Apreciação – medida de percepções, opiniões, dos sentimentos e das atitudes gerados pela ferramenta ou pelo sistema.

Regras gerais de usabilidade

Na internet o usuário é quem manda. A qualidade se baseia em rapidez e confiabilidade. Segurança: procure fazer com que tudo funcione como um relógio para que as pessoas possam confiar no seu site. A boa página tem que ser simplificada, reduzida e otimizada. Bons conteúdos: escrever bem é uma arte. Duas regras devem ser seguidas: colocar as conclusões no começo e escrever apenas 25% de texto em relação ao que é normalmente escrito em papel. A leitura na tela é cansativa e mais difícil;por isso, reduza e simplifique tudo que for possível no texto on line.

Navegação no rumo certo

A barra de navegação é o recurso mais comum para orientar e localizar o usuário dentro do site. O mapa é um recurso muito utilizado para mostrar ao visitante o roteiro que ele pode seguir pelo site. Ele constitui em si mesmo mais uma ferramenta de comunicação com o navegante.
Também as ferramentas gráficas de navegação auxiliam grandemente o internauta a sentir-se seguro e aumentam a probabilidade do seu retorno. Por exemplo, botões de retorno de página ou ícones de volta para a home page colocados em cada uma das páginas do site são de grande valia.
André Manta discorre que “há até pouco tempo, a dissociação entre massivo e interativo era clara no âmbito da comunicação. Uma coisa ou outra. O telefone é interativo, mas não massivo, na medida em que é apenas uma extensão tecnológica no diálogo entre dois interlocutores; a televisão, o rádio, as mídias impressas são massivas, porém não interativas. O jornalismo na Internet é, no entanto, massivo e interativo”.
Assuntos polêmicos que geram discussão são os mais adequados para enquetes on line, que não têm o mesmo rigor científico de pesquisas de opinião.

Elementos de design

O design na web conta com alguns elementos essenciais: espaço em branco, combinação de cores, texturas, sequência, proximidade, alinhamento, balanço, contraste entre os elementos e unidade da página.

Espaço em branco

O balanço adequado entre o conteúdo versus espaço em branco é crucial em qualquer peça gráfica. Sem um bom balanço, os olhos ficam confusos, não há uma progressão visual para seguir e o leitor perde o interesse.

Combinação de cores

Além das palavras e das imagens, a cor é um importante elemento funcional. Ela pode intensificar tanto o texto como a imagem. Cor é fundamentalmente emoção e, nesse sentido, ela pode ser imprescindível.

Texturas

O cuidado básico é evitar texturas mais elaboradas pelas limitações da resolução dos monitores de vídeo.

Sequência

Diz respeito à condução do leitor pelos elementos da página. A movimentação pode se inicial a partir de qualquer lugar e depois controlar a sequência de outra maneira: abrindo novos caminhos e demarcando-os com clareza, para que os olhos não se percam.

Proximidade e alinhamento

É preciso estabelecer uma relação entre os elementos nos grupos e entre os grupos, o agrupamento possibilita ainda mostrar a hierarquia no layout e sugerir uma ordem de leitura. Portanto, a mensagem é mais bem transmitida e o acesso à informação é facilitado, pois o leitor se sente mais confortável.


Balanço

O balanço pode ser forma (simétrico) ou informal (assimétrico).
Formal – cada elemento que vai em um lado da página é repetido do outro, seja na horizontal ou na vertical.
Informal – os vários elementos da página se põem com pesos desiguais de um lado e de outro lado, sem ferir a ponderação do conjunto, pois essas partes desiguais são, na verdade, equivalentes entre si.

Contraste entre os elementos
O contraste é vital para conformar de maneira visual as intenções do designer. Quando não há contraste entre dois elementos em uma página, o seu resultado geralmente é insosso.

Unidade da página

A unidade deve ser o resultado natural da composição de todas as partes, de maneira que, visualmente, essas partes constituam um todo agradável e eficiente.

Cuidados especiais com o texto

É preciso preocupar-se com algumas normas de redação mais específicas:
Adjetivos: restringir o uso.
Anos e décadas: escrever por inteiro: 1996.
Aspas: usar quando houver necessidade de se atribuir um enunciado a determinada fonte.
Endereços: escrever por extenso, em caixa alta e baixa.
Evitar clichês ou metáforas elaboradas: o texto fica mais objetivo e facilita o entendimento do ciberleitor.
Horário: madrugada: 0h às 6h; a manhã, das 6h às 12h; 2h10min36s
Modismos: lugares-comuns devem ser banidos do texto, o que vale também preciosismos e formas rebuscadas.
Nomes próprios: evite abreviar.
Números: de um a nove devem ser grafados por extenso. A partir de 11, inclusive, use numerais.
Palavras estrangeiras: podem ser escritas em itálico.
Termos simples: usar termos técnicos apenas em trabalhos científicos, nos demais simplifique os termos.
Pronomes demonstrativos: melhor dar nome às coisas.
Pronomes indefinidos: pronomes devem ser evitados.
Repetições: repetições podem contribuir para a clareza.
Ter em mente leitores internacionais: tomar cuidado com o emprego de metáforas.
Usar verbos com significado preciso em lugar de locuções: escrever “decidir” em vez de “tomar uma decisão”.
Edição é fator de sucesso

Depois de seguir rigorosamente as etapas estabelecidas para o planejamento do conteúdo jornalístico e de produzir a sua história observando cuidadosamente as regras de redação aplicáveis ao seu trabalho, o próximo passo é o que se distingue realmente o bom jornalista: ele retoma novamente seu trabalho – como novos olhos e ouvidos mas com a mesma disposição inicial – para novamente editar, editar, editar!

INTRIGAS DO ESTADO - resenha

Esse é um momento de intensa crise no jornalismo, principalmente o impresso, onde muito se fala em redações cortando pessoal, anunciantes preferindo apostar em campanhas na internet e leitores deixando de pagar por exemplares e ler tudo de graça na internet, o filme Intrigas do Estado levanta uma questão importante: para onde caminha a imprensa mundial?
Questionamentos relevantes foram levantados: manchetes bombásticas capazes de vender mais exemplares, mas embasadas em meias verdades? Ou investigação a fundo, com todos os lados da história e bases factuais? Ou seja, hoje em dia, vale mais ser comercialmente viável ou ético e confiável?
Amizade, investigação e uma grande cortina de fumaça se misturam nessa trama, um relato próximo do dia a dia de milhares de jornalistas ao redor do mundo. São dois lados e, no meio das versões conflitantes, a verdade, que raramente vai a público.
O inciso III do artigo 11 do Código de Ética do Jornalismo é claro quanto especifica que o jornalista não pode divulgar informações obtidas de maneira inadequada, por exemplo, com o uso de identidades falsas, câmeras escondidas ou microfones ocultos, salvo em casos de incontestável interesse público e quando esgotadas todas as outras possibilidades de apuração.
Foi possível verificar que os repórteres estavam empenhados em averiguar as informações de forma clara e limpa, porém a questão do interesse público e o deadline fizeram com que fosse usado o instrumento das gravações de imagens de um dos envolvidos, em conformidade, portanto, com a conduta ética do código.
Recentemente a revista deu destaque em sua capa para a matéria INTRIGAS DE ESTADO. Veja teve acesso a conversas entre autoridades da pasta do Ministério da Justiça que revelam a dimensão do desprezo petista pelas instituições. Os diálogos mostram essas autoridades incomodadas com a natureza dos pedidos que vinham recebendo do Palácio do Planalto. As gravações são legais e foram periciadas para afastar a hipótese de manipulação.
Uma frase marcante da reportagem na revista cita o “ensinamento” de Franklin Martins, Ministro-Chefe da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, que diz “às favas com a ética” quando ela interfere nos interesses políticos e partidários dos atuais donos do poder.
Voltando à ficção, o filme Intrigas do Estado propõe um casamento entre dinamismo e responsabilidade. Há também a questão dos pontos positivos da reportagem on line e do impresso. Num primeiro momento, a relação entre os jornalistas parece ser um conflito impresso versus on line, mas na realidade há um conflito entre escolas diferentes do jornalismo. Pois, o que se percebe é uma relação mestre-aprendiz.
O que une os dois jornalistas é a busca de uma boa história, que se aproxime o máximo da verdade. Demonstrando que independentemente do meio, das tecnologias e da época, o básico do jornalismo continua de geração a geração.
Outra importante e profunda questão levantada pelo filme é sobre o conflito de interesses no jornalismo, sobre um jornalista cobrir um assunto em que o seu amigo está diretamente envolvido, além dos eternos relacionamentos, todos tênues e tensos, entre políticos e jornais, entre polícia e jornalistas, entre fontes e jornalistas. Onde um acaba usando o outro.
Voltando ao ponto antes discutido sobre o jornalismo impresso e on line, o primeiro fica em vantagem quanto ao segundo na questão da seriedade. A Internet cria a ilusão de relevância e abrangência com seus milhões de cliques, mas atinge, ainda, uma pequena camada da população.
Intrigas de Estado defende um novo formato mesclando as duas mídias, mas deixa uma mensagem importante: seja jornalista ou blogueiro, informação é uma só e tratá-la com cuidado é fundamental. E essa lição, os “jornalistas virtuais” ainda precisam aprender a averiguar, revisar e reportar, em vez de “postar”.
A crise ainda está distante de acabar, seu desfecho está nas mãos dos leitores – afinal, é deles a escolha pelo formato e tipo de produto – e é importante levantar essa discussão, especialmente enquanto parte da imprensa continuar fazendo vista grossa da situação atual vivida.
A grande mensagem do filme engloba, entre tantas outras, que a liberdade de expressão e a construção da verdade são fundamentais. Ainda que elas incomodem, é preciso respeitá-las, protegê-las e nunca pensar que só as autoridades têm razão, caso contrário, haverá restrição e engessamento da informação e isso, consequentemente, pode levar a um só caminho: para o desastre.

terça-feira, 17 de agosto de 2010

"Cabeça a Prêmio" estreia em Campo Grande

Acabou agora há pouco a sessão de pré-estreia do filme "Cabeça a Prêmio", do jovem diretor Marco Ricca. O público, que lotou a sala do Cinemark, pode acompanhar belíssimas imagens do Estado, além de enredo e elenco espetaculares. O Mato Grosso do Sul, por fazer divisa com países como Bolívia e Paraguai, acaba sendo a porta de entrada do tráfico de drogas no Brasil e o filme também retrata essa realidade. A trama se desenrola permeada por um jogo de emoções e algumas pitadas de humor, tão bem caracterizadas por Cássio Gabus Mendes. Vale a pena conferir e se surpreender com esse filme, dirigido por Marco Ricca, que certamente será o primeiro de muitos.