quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Sintomas de que vivemos em uma sociedade doente: o papel do jornalista nessa sociedade


Tenho saudade de um tempo, e isso nem foi há muito tempo, que as pessoas tinham tempo umas para as outras, que o objetivo principal não era ter o melhor carro, a melhor roupa, a melhor casa, o melhor emprego.

Que ouvia o programa de rádio, que tocava boas músicas, noticiava coisas de interesse social. Que ligava a TV para assistir a programação e o que via e ouvia era algo mais leve, menos impregnado de barbáries, sangue, violência, corrupção. Com novelas, até gostava delas, onde as pessoas conversavam, não gritavam, umas com as outras, nem queriam trair, matar. Esse tempo existiu!

Hoje estamos envolvidos com os compromissos, agendas lotadas, palestras demoradas, filas intermináveis, trânsito caótico. Todos querendo saber muito e sabem quase nada. Uma superficialidade imensurável, porque acabamos fazendo muita coisa, mas sem qualidade. Essa é a modernidade, o caminho da loucura.

E, com toda essa correria, falta tempo de pensar nos valores que realmente são importantes, hoje “relativizados”, pois a banalização chegou a tal ponto que até comportamentos condenáveis são julgados com condescendência pela opinião pública. E, nesse ponto, entra a mídia com a sua responsabilidade social. Também o jornalista que precisa mensurar que a informação a ser mostrada ao público é realmente importante para o interesse da sociedade.

As coberturas jornalísticas estão doentias e torna doentia a sociedade. Falta juízo aos donos de mídia, principalmente quando falam de banalidades e minúcias e omitem o que seria útil. Desejos obscuros de lucro, status, poder fazem os profissionais da área de jornalismo esquecer o fundamento básico dessa profissão para a sociedade, que é o direito ser bem informado e o interesse público.

É um triste cenário! O relativismo moral assola tornando a sociedade eticamente doente, num país onde se aceita tudo com naturalidade, desde não se informe a construção real da verdade.

A mídia tem divulgado escândalos, porém, o desfecho desses escândalos geralmente termina em outro escândalo, e, nessa sequência, aceitamos a relativização da verdade. Em todo esse contexto é preciso que os jornalistas tenham consciência de suas verdadeiras funções para que não se tornem, apenas, produtores de mídia.

projeto de um site

Saiba mais sobre jornada de trabalho.
Você sabe quando vai tirar suas férias?

Saiba quando você recebe o seu décimo terceiro.
Saiba se você tem direito ao aviso prévio.


Se você é trabalhador rural ou trabalhador doméstico descubra seus direitos

no site: www.direitosdostrabalhadores.com.br

sabe por que? os direitos do trabalhador devem ser respeitados.


1 - NOME

www.direitosdostrabalhadores.com.br


2- OBJETIVOS


2.1 OBJETIVO GERAL

• Informar sobre os direitos básicos dos trabalhadores urbanos e rurais para o público que não tem conhecimento da linguagem jurídica.

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

• Informar, de forma criativa, sobre direitos referentes a férias, décimo terceiro, FGTS, licença-gestante, aviso prévio, jornada de trabalho, trabalhador rural e trabalhador doméstico.
• Descrever as principais dúvidas sobre o assunto.



3 - JUSTIFICATIVA

Em geral, os sites que informam os direitos dos trabalhadores utilizam uma linguagem pouco adequada, ou seja, utilizam a linguagem jurídica. O site www.direitosdostrabalhadores.com.br terá como diferencial a linguagem acessível ao público que desconhece essa linguagem.
Para atingir o público jovem e também adulto, serão utilizados vídeos criativos que explicam de maneira clara e objetiva os direitos básicos dos trabalhadores.

4 - CONCLUSÃO
Quando se questiona alguém sobre o conhecimento dos seus direitos trabalhistas básicos, em geral há um desconhecimento. Criar um site criativo, que atinja o maior número possível de público e pensar no interesse público é o papel de todo bom jornalista.

5 -ORGANOGRAMA

JORNALISMO NA INTERNET - Planejamento e produção da informação on line

RESUMO DO LIVRO DE J.B. PINHO


ARPAnet - Os primórdios da Internet

A rede antecessora da Internet foi formada inicialmente pela conexão de computadores de quatro hosts, da Universidade da Califórnia em Los Angeles (UCLA), do Stanford Research Institute (SRI), da Universidade da Califórnia em Santa Bárbara (UCSB) e da Universidade de Utah.
Os pesquisadores e cientistas envolvidos no projeto puderam começar a tarefa de identificar os principais problemas a serem resolvidos para que os computadores da rede fossem capazes de se comunicar entre si. Em primeiro lugar, era prioritário estabelecer conjuntos de sinais previamente determinados que abrissem os canais de comunicação, permitissem a passagem dos dados e, em seguida, fechassem os mesmos canais, padrões que foram chamados de protocolos.
O Transmission Control Protocol (TCP) e o Internet Protocol (IP) oferecem 4 bilhões de endereços diferentes e utilizam uma arquitetura de comunicação em camadas, com protocolos distintos cuidando de tarefas distintas. Ao TCP cabia dividir mensagens em pacotes de um lado e recompô-los do outro. Ao IP cabia descobrir o caminho adequado entre o remetente e o destinatário e enviar os pacotes. A ARPAnet adotou progressivamente o TCP/IP, que funcionou em paralelo com o NCP, até o dia 1º de janeiro de 1983, quando cada máquina conectada com a ARPAnet teve de passar a usar o novo conjunto de protocolos TCP/IP.
Os grupos de discussão multiplicaram-se rapidamente e a Usenet (grupos de discussão em que os leitores podiam compartilhar informações, ideias, dicas e opiniões) passou a utilizar cada vez mais a ARPAnet como principal canal de distribuição, o que obrigou à criação de mais um protocolo de transmissão próprio, o Net News Transfer Protocol (NNTP). Outra inovação aconteceu em 1980, com a formação da Because It’s Time Network (Bit-net), uma rede acadêmica da City University de Nova York, com conexão à Universidade de Yale, que utiliza sistemas de correio eletrônico e um mecanismo conhecido como “listserv”, que permitia aos usuários publicar artigos e subscrever mailing list especializadas em determinados assuntos enviado mensagen para um servidor de listas.

Web – a teia de alcance mundial

A web é provavelmente a parte mais importante da Internet e, para muitas pessoas, a única parte que elas usam, um sinônimo mesmo de Internet. Mas a World Wide Web é fundamentalmente um modo de organização da informação e dos arquivos na rede. O método extremamente simples e eficiente do sistema de hipertexto distribuído, baseado no modelo cliente-servidor, tem como principais padrões o protocolo de comunicação HTTP, a linguagem de descrição de páginas HTML e o método de identificação de recursos URL.
Em 1992, a Internet ultrapassou o número de um milhão de hosts e mais 13 países ligavam-se a ela: Antarctica, Camarões, Chipre, Equador, Estônia, Kuwait, Letônia, Luxemburgo, Malásia, Eslováquia, Eslovênia, Tailândia e Venezuela. A Internet Society é constituída como organização internacional para coordenar a Internet, suas tecnologias e aplicativos, tendo como um dos seus órgãos o Internet Arquiteture Board (IAB), um grupo voltado à supervisão e manutenção dos protocolos TCP/IP.
Em 1993, os meios de comunicação e o mundo dos negócios descobrem a Internet, enquanto a ONU inaugura sua página na rede, no endereço HTTP://www.un.org. a Casa Branca monta o seu site HTTP://www.whitehouse.gov e divulga o endereço eletrônico do presidente dos Estados Unidos (president@whitehouse.org). Os indicadores são espantosos: o tráfego na www cresce a uma taxa anual de 341,64%. O número de hosts da Internet dobra em um ano, atingindo 2 milhões em 1993, ocasião em que se conectam à rede a Bulgária, Costa Rica, o Egito, Fiji, a Indonésia, o Casaquistão, Quênia, Liechenstein, o Peru, a Romênia, a Rússia, a Turquia, a Ucrânia e as Ilhas Virgens.

Diferenças da Internet em relação à mídia tradicional

Os aspectos críticos que diferenciam a rede mundial das mídias tradicionais são a não-linearidade, fisiologia, instantaneidade, dirigibilidade, qualificação, custos de produção e de veiculação, interatividade, pessoalidade, acessibilidade e receptor ativo.

Jornalismo como processo social e como atividade profissional

No desempenho de suas tarefas, o jornalista percorre as quatro etapas básicas da atividade jornalística, assim descritas por Ward:
• identificar eventos, fatos, experiências ou opiniões que possam ser de interesse do seu leitor ou de determinada audiência;
• coletar as informações necessárias para desenvolver a ideia inicial e para verificar sua exatidão e relevância para o leitor;
• selecionar do material coletado as informações que forem de maior valor e interesse para o leitor; e
• ordenar e apresentar a matéria com total precisão e veracidade, de modo que informe, estimule ou entretenha o seu leitor.


Conceito operacional de jornalismo digital

As tecnologias de comunicação periodicamente resultam em significativas transformações na sociedade e causam grandes mudanças de hábitos e comportamentos. Cada um no seu tempo, o telégrafo, o telefone e o aparelho de fac-símile deixaram suas marcas no comércio, na vida profissional e no nosso cotidiano. Agora chegou a vez da Internet, oferecendo amplos recursos técnicos e um novo suporte para as diversas atividades.
Segundo Elias Machado Gonçalves, “o jornalismo digital é todo produto discursivo que constrói a realidade por meio da singularidade dos eventos, tendo como suporte de circulação as redes telemáticas ou qualquer outro tipo de tecnologia por onde se transmita sinais numéricos e que comporte a interação com os usuários ao longo do processo produtivo”.
O jornalismo digital diferencia-se do jornalismo praticado nos meios de comunicação tradicionais pela forma de tratamento dos dados e pelas relações que são articuladas com os usuários.

Regras de etiqueta da Usenet

O assunto de um artigo é a primeira coisa que as pessoas leem e por isso deve identificar corretamente o seu conteúdo, evitando generalidades do tipo “para sua informação” ou “Leia já”. Por sua vez, a adequação do artigo ao tópico em discussão no grupo de discussão é importante que ele desperte o interesse e a atenção. A certeza de que o artigo será lido, comentado e respondido tem como pressuposto inicial a sua conformidade ao assunto do grupo de notícias.
Da mesma maneira que os grupos de discussão, as listas de discussão possibilitam ao repórter monitorar a discussão de diversos assuntos em áreas específicas, podendo ainda nas suas mensagens enfocar ou levantar aspectos de seu interesse profissional nas questões em discussão. Nesse caso, uma recomendação ética sugerida por Nora Paul é que o usuário se identifique como um jornalista.

Formatos do jornalismo digital

O recente surgimento e desenvolvimento da atividade jornalística na Internet, como adverte o jornalista Leão Serva: “ainda espera um conjunto de procedimentos que consolide as diversas novidades impostas pelas características dos novos meios, e, ao mesmo tempo, aponte aquilo que, por ser essencial à atividade jornalística, permanecerá nestes novos meios”.
A primeira iniciativa partiu do Grupo O Estado de S. Paulo, que, em fevereiro de 1995, colocou a Agência Estado na rede mundial. No dia 28 de maio do mesmo, informa Moherdaui, coube ao Jornal do Brasil a primazia de ser o primeiro veículo a fazer uma cobertura completa no espaço virtual, seguido por outros títulos da grande imprensa, como o Estado de S. Paulo, Folha de S. Paulo, O Globo, O Estado de Minas, Zero Hora, Diário de Pernambuco e Diário do Nordeste.
O papel (átomos) vai cedendo lugar a impulsos eletrônicos (bits) que podem viajar a grandes velocidades pelas auto-estradas da informação.

Sites de agências de notícias

A primeira agência de notícias surgiu nos Estados Unidos em 1848, quando representantes de seis jornais resolveram “usar o telégrafo para unificar as coberturas fora da região. Afinal, a tecnologia era cara demais para um único jornal” (Pereira Júnior). Nasceu então a Associated Press (AP), originalmente constituída em forma de cooperativa e que figura hoje entre as cinco agências de informação consideradas mundiais.
No mundo virtual, a empresa multinacional ainda mantém sites sediados em países como Áustria, Canadá, China, Egito, França, Alemanha, Grécia, Índia, Japão, Rússia e Espanha. O site da Reuters Brasil oferece um canal de notícias e de informações financeiras em tempo real e promove a comercialização dos seus produtos e serviços para a mídia (revista, jornal, rádio, televisão e internet) e para as instituições financeiras entregues eletronicamente com som e imagem.

Portais

O conceito de portal, relacionado com a Internet, nasceu no começo de 1998, para designar os sites de busca que, além dos diretórios de pesquisa, começaram a oferecer serviços de e-mail gratuito, bate-papo em tempo real e serviços noticiosos. Hoje os portais são entendidos como todo e qualquer site que sirva para a entrada dos usuários na World Wide Web, a primeira parada a partir da qual os internautas decidem os passos seguintes na rede mundial.

Sites de instituições e empresas comerciais

A forte influência que a mídia exerce sobre todos os outros setores da opinião pública – irradiando e inculcando neles suas atitudes e percepções a respeito da empresa e dos seus produtos e serviços – permite ainda dizer que os jornalistas são os mais multiplicadores dos públicos.
Os sites institucionais e corporativos empregam estratégias e os recursos on line que podem ser úteis para motivar a visita frequente ao site da empresa e ainda fazer os repórteres confiarem em uma informação objetiva e precisa.

Estratégicas e táticas na criação de sites

Os valores estratégicos presentes em um site de acesso são a identidade (relacionada com os esforços de construção da marca), impacto, audiência e competitividade, todos eles importantes a longo prazo.
A identidade encontra-se nos elementos que não somente permitem reconhecer a empresa ou o Publisher, mas deixam saber se o visitante está no seu site, não importando o ponto em que ele se encontra no momento.
O impacto é obtido ao se dar às pessoas algo que possam falar e comentar. A audiência pode ser entendida como um reflexo da capacidade de o site satisfazer ao target pretendido. Competitividade corresponde a características que mantêm o site na frente da concorrência.
Já os valores táticos são imediatamente visíveis nos sites como o design, conteúdo a produção e a utilidade.
Design – conseguir transpor os objetivos para o plano visual.
Conteúdo – matéria-prima do site.
Produção – aplicar os princípios técnicos da linguagem HTML.
Utilidade – fazer coisas dentro do site (participar de enquetes, preencher formulários, etc.).

Interface homem-máquina e usabilidade

Nos sites jornalísticos, os conteúdos organizam-se nos mesmos moldes dos órgãos de imprensa escrita, ou seja, são agrupados nas diferentes editorias, como política, economia, artes, esportes, ciência, educação, etc.
Conceitos de utilidade, facilidade de uso, facilidade de aprendizagem e apreciação.
Utilidade – capacidade que tem uma ferramenta para ajudar a realizar tarefas específicas.
Facilidade de uso – relação direta com a eficiência ou a efetividade, medida como velocidade ou quantidade de possíveis erros.
Facilidade de aprendizagem – medida de tempo exigida para trabalhar com certo grau de eficiência no uso da ferramenta, e para alcançar certo grau de retenção desses conhecimentos no caso de decorrer certo tempo sem o uso da ferramenta ou do sistema.
Apreciação – medida de percepções, opiniões, dos sentimentos e das atitudes gerados pela ferramenta ou pelo sistema.

Regras gerais de usabilidade

Na internet o usuário é quem manda. A qualidade se baseia em rapidez e confiabilidade. Segurança: procure fazer com que tudo funcione como um relógio para que as pessoas possam confiar no seu site. A boa página tem que ser simplificada, reduzida e otimizada. Bons conteúdos: escrever bem é uma arte. Duas regras devem ser seguidas: colocar as conclusões no começo e escrever apenas 25% de texto em relação ao que é normalmente escrito em papel. A leitura na tela é cansativa e mais difícil;por isso, reduza e simplifique tudo que for possível no texto on line.

Navegação no rumo certo

A barra de navegação é o recurso mais comum para orientar e localizar o usuário dentro do site. O mapa é um recurso muito utilizado para mostrar ao visitante o roteiro que ele pode seguir pelo site. Ele constitui em si mesmo mais uma ferramenta de comunicação com o navegante.
Também as ferramentas gráficas de navegação auxiliam grandemente o internauta a sentir-se seguro e aumentam a probabilidade do seu retorno. Por exemplo, botões de retorno de página ou ícones de volta para a home page colocados em cada uma das páginas do site são de grande valia.
André Manta discorre que “há até pouco tempo, a dissociação entre massivo e interativo era clara no âmbito da comunicação. Uma coisa ou outra. O telefone é interativo, mas não massivo, na medida em que é apenas uma extensão tecnológica no diálogo entre dois interlocutores; a televisão, o rádio, as mídias impressas são massivas, porém não interativas. O jornalismo na Internet é, no entanto, massivo e interativo”.
Assuntos polêmicos que geram discussão são os mais adequados para enquetes on line, que não têm o mesmo rigor científico de pesquisas de opinião.

Elementos de design

O design na web conta com alguns elementos essenciais: espaço em branco, combinação de cores, texturas, sequência, proximidade, alinhamento, balanço, contraste entre os elementos e unidade da página.

Espaço em branco

O balanço adequado entre o conteúdo versus espaço em branco é crucial em qualquer peça gráfica. Sem um bom balanço, os olhos ficam confusos, não há uma progressão visual para seguir e o leitor perde o interesse.

Combinação de cores

Além das palavras e das imagens, a cor é um importante elemento funcional. Ela pode intensificar tanto o texto como a imagem. Cor é fundamentalmente emoção e, nesse sentido, ela pode ser imprescindível.

Texturas

O cuidado básico é evitar texturas mais elaboradas pelas limitações da resolução dos monitores de vídeo.

Sequência

Diz respeito à condução do leitor pelos elementos da página. A movimentação pode se inicial a partir de qualquer lugar e depois controlar a sequência de outra maneira: abrindo novos caminhos e demarcando-os com clareza, para que os olhos não se percam.

Proximidade e alinhamento

É preciso estabelecer uma relação entre os elementos nos grupos e entre os grupos, o agrupamento possibilita ainda mostrar a hierarquia no layout e sugerir uma ordem de leitura. Portanto, a mensagem é mais bem transmitida e o acesso à informação é facilitado, pois o leitor se sente mais confortável.


Balanço

O balanço pode ser forma (simétrico) ou informal (assimétrico).
Formal – cada elemento que vai em um lado da página é repetido do outro, seja na horizontal ou na vertical.
Informal – os vários elementos da página se põem com pesos desiguais de um lado e de outro lado, sem ferir a ponderação do conjunto, pois essas partes desiguais são, na verdade, equivalentes entre si.

Contraste entre os elementos
O contraste é vital para conformar de maneira visual as intenções do designer. Quando não há contraste entre dois elementos em uma página, o seu resultado geralmente é insosso.

Unidade da página

A unidade deve ser o resultado natural da composição de todas as partes, de maneira que, visualmente, essas partes constituam um todo agradável e eficiente.

Cuidados especiais com o texto

É preciso preocupar-se com algumas normas de redação mais específicas:
Adjetivos: restringir o uso.
Anos e décadas: escrever por inteiro: 1996.
Aspas: usar quando houver necessidade de se atribuir um enunciado a determinada fonte.
Endereços: escrever por extenso, em caixa alta e baixa.
Evitar clichês ou metáforas elaboradas: o texto fica mais objetivo e facilita o entendimento do ciberleitor.
Horário: madrugada: 0h às 6h; a manhã, das 6h às 12h; 2h10min36s
Modismos: lugares-comuns devem ser banidos do texto, o que vale também preciosismos e formas rebuscadas.
Nomes próprios: evite abreviar.
Números: de um a nove devem ser grafados por extenso. A partir de 11, inclusive, use numerais.
Palavras estrangeiras: podem ser escritas em itálico.
Termos simples: usar termos técnicos apenas em trabalhos científicos, nos demais simplifique os termos.
Pronomes demonstrativos: melhor dar nome às coisas.
Pronomes indefinidos: pronomes devem ser evitados.
Repetições: repetições podem contribuir para a clareza.
Ter em mente leitores internacionais: tomar cuidado com o emprego de metáforas.
Usar verbos com significado preciso em lugar de locuções: escrever “decidir” em vez de “tomar uma decisão”.
Edição é fator de sucesso

Depois de seguir rigorosamente as etapas estabelecidas para o planejamento do conteúdo jornalístico e de produzir a sua história observando cuidadosamente as regras de redação aplicáveis ao seu trabalho, o próximo passo é o que se distingue realmente o bom jornalista: ele retoma novamente seu trabalho – como novos olhos e ouvidos mas com a mesma disposição inicial – para novamente editar, editar, editar!

INTRIGAS DO ESTADO - resenha

Esse é um momento de intensa crise no jornalismo, principalmente o impresso, onde muito se fala em redações cortando pessoal, anunciantes preferindo apostar em campanhas na internet e leitores deixando de pagar por exemplares e ler tudo de graça na internet, o filme Intrigas do Estado levanta uma questão importante: para onde caminha a imprensa mundial?
Questionamentos relevantes foram levantados: manchetes bombásticas capazes de vender mais exemplares, mas embasadas em meias verdades? Ou investigação a fundo, com todos os lados da história e bases factuais? Ou seja, hoje em dia, vale mais ser comercialmente viável ou ético e confiável?
Amizade, investigação e uma grande cortina de fumaça se misturam nessa trama, um relato próximo do dia a dia de milhares de jornalistas ao redor do mundo. São dois lados e, no meio das versões conflitantes, a verdade, que raramente vai a público.
O inciso III do artigo 11 do Código de Ética do Jornalismo é claro quanto especifica que o jornalista não pode divulgar informações obtidas de maneira inadequada, por exemplo, com o uso de identidades falsas, câmeras escondidas ou microfones ocultos, salvo em casos de incontestável interesse público e quando esgotadas todas as outras possibilidades de apuração.
Foi possível verificar que os repórteres estavam empenhados em averiguar as informações de forma clara e limpa, porém a questão do interesse público e o deadline fizeram com que fosse usado o instrumento das gravações de imagens de um dos envolvidos, em conformidade, portanto, com a conduta ética do código.
Recentemente a revista deu destaque em sua capa para a matéria INTRIGAS DE ESTADO. Veja teve acesso a conversas entre autoridades da pasta do Ministério da Justiça que revelam a dimensão do desprezo petista pelas instituições. Os diálogos mostram essas autoridades incomodadas com a natureza dos pedidos que vinham recebendo do Palácio do Planalto. As gravações são legais e foram periciadas para afastar a hipótese de manipulação.
Uma frase marcante da reportagem na revista cita o “ensinamento” de Franklin Martins, Ministro-Chefe da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, que diz “às favas com a ética” quando ela interfere nos interesses políticos e partidários dos atuais donos do poder.
Voltando à ficção, o filme Intrigas do Estado propõe um casamento entre dinamismo e responsabilidade. Há também a questão dos pontos positivos da reportagem on line e do impresso. Num primeiro momento, a relação entre os jornalistas parece ser um conflito impresso versus on line, mas na realidade há um conflito entre escolas diferentes do jornalismo. Pois, o que se percebe é uma relação mestre-aprendiz.
O que une os dois jornalistas é a busca de uma boa história, que se aproxime o máximo da verdade. Demonstrando que independentemente do meio, das tecnologias e da época, o básico do jornalismo continua de geração a geração.
Outra importante e profunda questão levantada pelo filme é sobre o conflito de interesses no jornalismo, sobre um jornalista cobrir um assunto em que o seu amigo está diretamente envolvido, além dos eternos relacionamentos, todos tênues e tensos, entre políticos e jornais, entre polícia e jornalistas, entre fontes e jornalistas. Onde um acaba usando o outro.
Voltando ao ponto antes discutido sobre o jornalismo impresso e on line, o primeiro fica em vantagem quanto ao segundo na questão da seriedade. A Internet cria a ilusão de relevância e abrangência com seus milhões de cliques, mas atinge, ainda, uma pequena camada da população.
Intrigas de Estado defende um novo formato mesclando as duas mídias, mas deixa uma mensagem importante: seja jornalista ou blogueiro, informação é uma só e tratá-la com cuidado é fundamental. E essa lição, os “jornalistas virtuais” ainda precisam aprender a averiguar, revisar e reportar, em vez de “postar”.
A crise ainda está distante de acabar, seu desfecho está nas mãos dos leitores – afinal, é deles a escolha pelo formato e tipo de produto – e é importante levantar essa discussão, especialmente enquanto parte da imprensa continuar fazendo vista grossa da situação atual vivida.
A grande mensagem do filme engloba, entre tantas outras, que a liberdade de expressão e a construção da verdade são fundamentais. Ainda que elas incomodem, é preciso respeitá-las, protegê-las e nunca pensar que só as autoridades têm razão, caso contrário, haverá restrição e engessamento da informação e isso, consequentemente, pode levar a um só caminho: para o desastre.

terça-feira, 17 de agosto de 2010

"Cabeça a Prêmio" estreia em Campo Grande

Acabou agora há pouco a sessão de pré-estreia do filme "Cabeça a Prêmio", do jovem diretor Marco Ricca. O público, que lotou a sala do Cinemark, pode acompanhar belíssimas imagens do Estado, além de enredo e elenco espetaculares. O Mato Grosso do Sul, por fazer divisa com países como Bolívia e Paraguai, acaba sendo a porta de entrada do tráfico de drogas no Brasil e o filme também retrata essa realidade. A trama se desenrola permeada por um jogo de emoções e algumas pitadas de humor, tão bem caracterizadas por Cássio Gabus Mendes. Vale a pena conferir e se surpreender com esse filme, dirigido por Marco Ricca, que certamente será o primeiro de muitos.

segunda-feira, 10 de maio de 2010

INTERCÂMBIO VIROU MANIA ENTRE OS ESTUDANTES

Além de aprender novas culturas, quem participa das viagens volta mais amadurecido, tanto na vida pessoal quanto na profissional

LUZIA GONÇALVES E BÁRBARA CENI - COLABORAÇÃO 3º SEMESTRE

Quem não conhece pessoas que querem ou já quiseram fazer intercâmbio? Talvez até você tenha essa vontade. Mas, por que fazer intercâmbio? Para conhecer outros países, porque é legal conhecer outras culturas? Enfim, respostas evasivas que não revelam a real importância de fazer intercâmbio.

Para fazer um intercâmbio é preciso estar disposto a se transformar, a desafiar sua visão do mundo, a crescer, tanto profissional, como emocionalmente. Isso porque durante a viagem você terá que se adaptar a novos padrões e costumes, vai enfrentar situações adversas e, até mesmo, sofrer preconceitos por ser de uma cultura diferente. E você não terá sua família e os amigos por perto para lhe dar apoio.

“Foi uma experiência difícil, principalmente nos três primeiros meses, porque vivi a vida inteira com meus e vai morar sozinha em outro país é bastante complicado”, conta Annye Herradon, que fez um intercâmbio por nove meses em Cambridge, na Inglaterra, e conheceu também a Irlanda, Escócia, França e Holanda.

Annye fez o intercâmbio pelo sistema de host family, em que o intercambista convive com uma família no exterior. É como se lhe dessem uma casa, longe de casa. Juntos, há a oportunidade de viajar, celebrar feriados, vivenciar eventos culturais e participar da comunidade. Enfim, é uma rica troca de experiências.

Para ela, a maior dificuldade foi a questão do contraste cultural. “Esse eu acho que é o maior choque. As roupas, o clima, a comida, as refeições, horários, educação, estudo e até os carros”, arremata Annye.

Viagem recente
Débora de Moura Santos, professora de inglês, acabou de chegar de um intercâmbio. Ela relata que a maior dificuldade encontrada por seus companheiros foi com a língua. “Sair do país, sem ter uma base, ao menos o nível intermediário da língua, o aproveitamento é quase nenhum”, explica a professora.

Ela lembra que por muito tempo o intercâmbio era elitizado, mas hoje se tornou acessível devido aos programas de estágio, pela redução das tarifas aéreas e pela estabilidade da moeda que facilitam o pagamento do programa escolhido.

Por esses motivos, Ellen Rocha, que é acadêmica de jornalismo, pretende fazer intercâmbio no Canadá. “Minha cunhada fez no ano passado, desde então comecei a me planejar. Andei olhando os preços nas agências, mas eles não especificam muito a princípio”, comenta a acadêmica.
A estudante explica que ainda não tem um roteiro pronto, mas, que seu principal objetivo é aprender com fluência uma nova língua, desvendar culturas diferentes, trabalhar e estudar. Enfim, conhecer como é o estilo de vida canadense.

Se você tem vontade de fazer um intercâmbio, pense que será muito mais do que simplesmente viajar para outro país. Você estará prestes a se transformar, tornando se uma pessoa mais consciente, que a experiência lhe trará crescimento pessoal, profissional e emocional. E, transformando-se, você poderá ajudar a tornar o mundo em algo melhor.

Programa para quem quer fazer um baixo investimento


Um sistema bastante utilizado pelos estudantes é o chamado au pair. Nesse tipo de programa o intercambista mora com uma família, tem um quarto próprio, faz as refeições na própria casa e recebe um salário para cuidar de crianças, brincar com elas, preparar o lanche, dar banho e organizar a “bagunça”. Principalmente nos finais de semana é possível viajar, conhecer lugares diferentes, pois o compromisso de trabalho é de 30 a 45 horas semanais. Ideal para quem quer aliar trabalho, estudo e lazer.

segunda-feira, 3 de maio de 2010

O ESPETÁCULO "A GRANDE VOLTA" EMOCIONA PÚBLICO EM SUA ESTREIA

Ir ao teatro além de divertir, renova a alma. Quem teve a oportunidade de assistir estréia da peça “A Grande Volta”, no sábado (1), acompanhou de perto um público emocionado que aplaudiu de pé e, por vários minutos, a atuação dos atores Fúlvio Stefanini (Boris) e Rodrigo Lombardi (Henrique). A peça foi escrita pelo belga Serge Kribus, traduzida por Paulo Autran e dirigida por Marco Ricca.

O espetáculo é uma mistura de humor e drama e reflete a falta de comunicação entre pai e filho, além fazer perceber que, apesar dos confrontos, das críticas, no final, se revelam muito parecidos.

Henrique, recém-separado, sem o filho e desempregado, recebe a visita do pai, Boris, um ator decadente, que por conta de problemas em seu apartamento aparece, sem aviso e com a mala na mão, para ficar por algum tempo na casa do filho para ensaiar, pois foi convidado para fazer o papel de Rei Lear, de Shakespeare.

“Faz tempo que você não aparece”, diz Henrique, com gestos nervosos. “Faz tempo que você não me convida”, retruca Boris, num tom claro de censura. E é nesse clima tenso, que a trama se desenrola, e pai e filho, aos poucos, vão percebendo que têm os mesmos discursos, os mesmos medos e a mesma loucura.

Percebem, no desenrolar das cenas, a capacidade de falar verdades que mantinham escondidas. É nessa parte que, com a ajuda de algumas doses de vodca, Boris se emociona, dançando com o próprio casaco, ao relembrar da esposa, já falecida, e confessa o desprezo pela própria profissão. Há um momento de perda momentânea de sanidade que, na verdade, é uma loucura libertária de Boris. Palavras, gestos que, aos poucos, se transformam em berros, quando pai e filho acabam presos.

E é na cela da delegacia que, mais uma vez, as semelhanças se revelam quando Henrique relembra um ato de insanidade, passado num supermercado, por causa de divergência na escolha da marca de uma lata de tomate. Diz que, tal qual o pai, gritou e berrou com a ex-esposa, e no final das contas, a diferença de preço entre uma e outra era mínima.

Com humor, Boris, pergunta se ele havia se separado da esposa por causa de uma lata de tomates. E são essas pitadas que fazem o público rir e chorar.

Por fim, há um resgate de valores, um reencontro e a conexão de uma relação há muito tempo perdida.

O cenário clean, produzido por André Cortez, chama a atenção pelas paredes corrediças de tecido que, num simples abrir e fechar, transforma o ambiente, criando, no público, a sensação de num momento estar no apartamento de Henrique e depois numa cela de delegacia.
Maneco Quinderé, que desenhou a iluminação do espetáculo, usou de perspicácia e criatividade, e despertou no espectador a imaginação e o induziu a acreditar que os atores realmente mudavam de cenário.

O conjunto da obra é precioso e precisa ser apreciado.

Teatro FAAP
Rua Alagoas, 903
Higienópolis – São Paulo
Tel.: (11) 3662-7233
De 1 de maio até 15 de agosto
Sextas, às 21h30; sábados, às 21h; domingos, às 18h

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Glauco, Cadu, o Daime e o Crime



INTRODUÇÃO



“O equilíbrio entre inovação a serviço da expressividade e clareza a serviço da eficiência da mensagem é o segredo do diálogo possível na formulação e estruturação de uma matéria e na definição do foco narrativo”. Essas foram sábias palavras de Maria Cremilda Medina, e é esse equilíbrio que será o foco principal para “destrinchar” os principais pontos divergentes, convergentes e as técnicas utilizadas pelas revistas Veja e Época, no caso do assassinato do cartunista Glauco Vilas Boas e seu filho Raoni Ortegas Vilas Boas, por Carlos Eduardo Sundfeld Nunes, o Cadu.

REVISTAS VEJA E ÉPOCA – ANÁLISE DOS ASPECTOS JORNALÍSTICOS – TIPOS DE ENTREVISTA E TÉCNICAS DE REPORTAGEM

Entrevista é mesmo, a justo título, uma narrativa - com personagens, ação dramática e descrições de ambiente – separada, entretanto, da literatura por seu compromisso com a objetividade informativa.
Esse laço obrigatório com a informação objetiva vem dizer que, qualquer que seja o tipo de reportagem, impõe-se ao redator o "estilo direto puro", isto é, a narração sem comentários, sem subjetivizações.
Diretamente ligada à emotividade, a humanização se acentuará na medida em que o relato for feito por alguém que não só testemunha a ação, mas também participa dos fatos. O repórter é aquele "que está presente", servindo de ponte (e, portanto, diminuindo a distância) entre o leitor e o acontecimento. Mesmo não sendo feita em primeira pessoa, a narrativa deverá carregar em seu discurso um tom impressionista que favoreça essa aproximação. Ao lado disso, os fatos - e as referências a que estão ligados - serão relatados com precisão, garantindo, mais ainda, a verossimilhança.
Narrar – nesse procedimento, uma espécie de sumário desenvolvido, o entrevistador observa minuciosamente, passo a passo, as informações em questão. As descreve lógica e linearmente. Há a participação invisível do entrevistador, que seleciona traços por ele considerados fundamentais, e os põe vivamente em cena, dramatizando-os.
A magia de qualquer história, transposta para uma peça jornalística, ressalta a emoção. É preciso resgatar essa energia que vem do próprio ser humanos, tomado como fonte de informação para uma notícia.
A revista Veja adotou em sua matéria a reportagem documental, que segundo Maria Helena Ferrari e Muniz Sodré, em sua obra Técnicas de Reportagem, “diz que é o relato documentado, que apresenta os elementos de maneira objetiva, acompanhados de citações que complementam e esclarecem o assunto tratado”. A reportagem documental é expositiva, aproxima-se da pesquisa e às vezes tem caráter denunciante, que é o caso da morte do cartunista Glauco Vilas Boas e seu filho Raoni Ortegas Vilas Boas, por Carlos Eduardo Sundfeld Nunes, o Cadu.
Diferentemente, a revista Época narra os fatos utilizando a reportagem de ação, que se inicia pelos dados mais atraentes, que é o histórico do assassino Carlos Eduardo Sundfeld Nunes - Cadu, e depois descreve os detalhes sobre o ayahuasca – um chá alucinógeno, os rituais religiosos do Santo Daime e a opinião de quem se diz a favor, que se salvou da dependência química e opiniões contra lideranças do santo daime.
Em ambas as revistas as entrevistas foram temáticas e em profundidade, e as circunstâncias foram dialogais. Especificamente na revista Época houve uma pluralização das vozes, pois vários grupos se manifestaram.
No caso da reportagem com o pai de Cadu, na revista Veja, o repórter utilizou o método de entrevista-diálogo, teve sensibilidade e criatividade e assumiu uma relação EU-TU com o entrevistado, ao invés do tradicional EU-ISTO, “coisificando” o outro. Nesse método, o entrevistador e entrevistado colaboram no sentido de trazer à tona uma verdade sobre a pessoa do entrevistado ou sobre um problema.
Na revista Época, o que se pode perceber é outro método foi utilizado, o de neoconfissões, onde o entrevistador se apaga diante do entrevistado. Este não continua na superfície de si mesmo, mas efetua, deliberadamente ou não, o mergulho interior. Toda confissão do entrevistado pode ter o objetivo de atrair a libido psicológica do espectador. Pode fazer parte de uma manipulação sensacionalista, mas toda a confissão pode ir muito mais longe, mais profundamente que todas as relações humanas superficiais e pobres da vida diária. Esse aspecto fica evidente no início da matéria sobre relatos emocionados do pai de Cadu, sobre o filho, quando o encontrou à beira da morte, depois de sair da igreja Céu de Maria, local de culto do santo-daime.
Maria Cremilda Medina, em sua obra Entrevista: Diálogo Possível, propõe que “o processo de realização de uma matéria seja uma interação social, onde o jornalista chega ‘desarmado’ (mas não despreparado) aberto para dialogar e sair transformado após o encontro com o entrevistado.
O jornalista não deve se render à comodidade das fórmulas prontas, mas desenvolver e trilhar seu percurso de acordo com as peculiaridades e eventualidades de seus encontros com o mundo”.
O jornalista não é o dono da verdade, mas deve buscar a informação por intermédio de suas diversas manifestações no meio. Uma entrevista é uma comunicação pessoal, não um discurso unilateral, tendo em vista um objetivo de informação. Ela progredirá com a aparição e o desenvolvimento das pesquisas de opinião. O entrevistador precisa ter um forte controle auto-crítico sobre si mesmo, para que suas intervenções não influam inconscientemente nas respostas à entrevista. Suas atitudes e reações, mesmo que imperceptíveis, precisam ser observadas, porque podem ter certa influência.
A realidade só se inventa com a própria realidade, ensaiando e dramatizando. O pensador assume a condição de náufrago, que, ao se debater pela vida, vive. A profissão de jornalista pode ser aventurosa, mas só uma das aventuras – o Diálogo Social – terá força para enfrentar o náufrago.

Portanto, conforme o teor da informação, as características dos discursos das notícias e o próprio encadeamento delas, são produzidos conhecimento de dois tipos: a) o que traz familiaridade com um tema - e nesse caso o discurso é concreto e descritivo, apenas assinalando os acontecimentos; b) o que produz conceitos sobre um tema - com um discurso mais abstraio e analítico, oferecendo informação contextualizada.
O jornalismo tem-se encaminhado no sentido de informar sobre o tema, principalmente nos veículos que pretendem, mais que o registro dos fatos, formar o leitor/espectador.



O DAIME, O CRIME E AS DROGAS? O QUE É SENSACIONALISMO É O QUE É JORNALISMO?


A próxima análise terá como foco principal abordagem adotada pelas revistas, seus principais pontos de convergência e divergência. Enfim, os perfis adotados, quais fizeram o verdadeiro jornalismo, e quais buscaram apenas o sensacionalismo. A diferença já começa pelas capas: a foto, as cores, as chamadas, a isenção ou a falta dela.
Época abre com a pergunta: "O daime provocou o crime?" – e observa que "a morte do cartunista Glauco reacende o debate sobre o uso da droga indígena ayahuasca em rituais religiosos".
Veja parece não ter dúvidas: sob o título "O psicótico e o Daime", questiona "até que ponto se justifica a tolerância com uma droga alucinógena usada em rituais de uma seita", de que a ingestão da beberagem que levou o jovem Carlos Eduardo Sundfeld Nunes, o Cadu, a matar o cartunista e seu filho de 25 anos. Para a revista, trata-se de uma droga poderosa que precisa ser proscrita, ou no mínimo fiscalizada pelo governo.
Mesmo poucos dias após o crime, cometido em circunstâncias tão complexas, envolvendo um viciado em drogas, com distúrbios psíquicos, Veja não precisou de muito tempo para ser taxativa.
Muitos outros fatores entram em foco nesse crime e pode-se iluminar qualquer um deles no lugar do chá: “classe média sem limites”, “jovens viciados”, “fácil acesso a armas”, “violência urbana”. A bem da verdade, nas cidades de hoje, infelizmente isso poderia ter acontecido de qualquer jeito, em qualquer outro lugar, como, aliás, repetidas vezes acontecem.
Já Época destaca que Cadu vinha apresentando sinais de distúrbios psíquicos nos últimos três anos, aponta indícios de que a família não atuou com o rigor necessário para levá-lo a tratamento e pondera fortemente que ele era usuário de drogas pesadas. A reportagem questiona mais do que afirma. Além disso, a revista ouviu representantes do Santo Daime no Acre, onde o uso ritualístico da ayahuasca nunca produziu episódios de violência e não costuma ser vinculado a atos antissociais.
Ambas utilizam infográficos para contar a história do Santo-Daime, porém o enfoque dado é bastante diferenciado. Veja intitula o Daime como uma seita, enquanto Época preferiu rituais religiosos.
Apesar de a revista Época ter sido mais responsável nas informações do que a revista Veja, isso não a torna melhor, porque a linha editorial adotada pela Veja nas últimas décadas tem sido preconceituosa, desinformada, tendenciosa e, por vezes, sensacionalista e parcial. Em vez de fazer uma reportagem técnica, séria, alertando sobre os efeitos das drogas, abraçou a versão do pai e culpou o Daime por tudo.
Podemos observar alguns equívocos nas informações prestadas pela revista Época, apesar de abordar o tema de forma equilibrada e neutra e não explicitamente má intencionada: a capa poderia sugerir um quadro problemático – caso de esquizofrenia na família e uso abusivo de drogas. Porém, ela de certa forma manipula e confunde, fazendo crer que o Daime pode ter desencadeado o crime. O texto traz nuanças do consumo da ayahuasca e matar. Poderia colocar em discussão temas como o uso de drogas, famílias desestruturadas, a facilidade do acesso a armas e a violência urbana.
O abre “o doido, o daime e o crime” contribui para a estigmatização de pessoas com problemas psiquiátricos. Além do mais, não há laudos médicos que confirmam que Cadu seja esquizofrênico. Embora vindo de uma família problemática, há uma culpabilização do Daime.
A revista Veja conseguiu transformar um crime com origem e circunstâncias bastante complexas a um reduzido: "Daime catalisa esquizofrenia e ocasiona um duplo homicídio".
A sociedade ainda se movimenta lentamente em direção ao livre pensamento e a uma nova forma de convivência coletiva. O que não pode acontecer é tomar a parte pelo todo, ter criticidade, separar o “joio do trigo”, não se deixar levar por informações incompletas e normalmente divulgadas por meios de comunicações tendenciosos. Dessa forma, um caso como esse se transforma facilmente em munição para o falso moralismo, a hipocrisia, e soluções milagrosas.


CONCLUSÃO


Um texto tem força quando arrebata o leitor e faz com que ele chegue ao fim da narrativa. Se você conseguiu chegar até aqui é porque nosso objetivo foi alcançado.
Um fato pode ser tão importante que sua simples notícia ou uma enorme reportagem a respeito dele vão sempre procurar documentar seus aspectos referenciais, porque aí está a expectativa do leitor. Já um episódio de restrito interesse só ultrapassará o mero registro se envolto em circunstancias que conduzirão o leitor a um posicionamento crítico, revelando-lhe ângulos insuspeitados, salientando outros apenas entrevistos - enfim, iluminando e ampliando a visão sobre determinado assunto. Essa, talvez, a função distintiva entre o noticiar e o reportar.
As revistas Época e Veja, aqui analisadas, conseguiram de certa forma relatar os fatos, porém faltou isenção, ou ao menos, parte dela.
Diante do tema polêmico, pouco conhecido, como é a bebida usada por comunidades amazônicas, Época procura distribuir responsabilidades. Veja embarca no preconceito e condena aquilo que desconhece.

quarta-feira, 14 de abril de 2010

ACESSIBILIDADE: UM SONHO A SER CONQUISTADO

A estudante de Publicidade, Marjorie Comparim, fala das dificuldades encontradas para se locomover na Universidade

Com os olhos voltados para a personagem Luciana, da novela Viver a Vida, o público se emociona com todas as sensações vividas por um portador de deficiência, desde as dificuldades encontradas no dia a dia até a alegria das pequenas conquistas.
O tema acessibilidade teve uma maior divulgação nas diversas mídias quando houve a criação da Lei n. 1098, de 19.10.2000. Ela estabelecia normas para facilitar a locomoção das pessoas portadoras de deficiências ou com mobilidade reduzida, com a eliminação de barreiras e obstáculos nas vias e espaços públicos, no mobiliário urbano, na construção e reforma de edifícios, e nos meios de transporte e de comunicação.
A intenção era a de facilitar a vida dos portadores de deficiência, mas, na prática, as mudanças têm sido muito gradativas e ainda é pequeno o esforço no sentido de oferecer condições para que as pessoas portadoras de necessidade tenham acesso a todos os locais públicos, sem ajuda de terceiros.
Essa realidade não é diferente na UNIDERP-ANHANGUERA. É preciso levar em conta que quando ela foi construída não houve um planejamento, uma preocupação de como seria o dia a dia de pessoas com algum tipo de deficiência física. Mas, também, é preciso entender que não é necessário mudar a estrutura dos prédios, mas fazer apenas algumas adaptações em seus ambientes. Rampas de acesso, elevador, alguns banheiros, essas foram algumas mudanças que se pode observar na universidade. Mas muita coisa ainda precisa ser feita.

NA PELE

A acadêmica Marjorie Comparim tem 22 anos, é portadora de amiotrofia muscular espinhal (AME), uma doença degenerativa de origem genética. Marjorie é uma batalhadora, fez o curso de Moda e, atualmente, ela está no 5º semestre do curso de Publicidade. Circula pela universidade em uma cadeira de rodas e ela relata que as maiores dificuldades encontradas são os acessos à biblioteca, aos laboratórios, aos banheiros e até no local que faz xerox do material que utiliza no curso.
Explica que há um elevador no bloco que estuda, mas que por ser muito antigo, vive quebrando. Vale lembrar que ele está em manutenção há quase um mês. Isso prejudica não só a locomoção de pessoas com deficiência, mas também aquelas com dificuldade provisória de caminhar, além de dificultar o trabalho do pessoal que faz movimentação dos equipamentos para as salas de aula.
As rampas são muito inclinadas e elas nem sempre dão acesso a todos os locais, restringindo o deficiente do direito de ir e vir. Há também o problema das portas estreitas e banheiros sem adaptação.
Outra dificuldade encontrada por Marjorie é na biblioteca. Apesar de ter um elevador, ele está sempre trancado, o que dificulta o acesso da estudante ao piso superior, onde ficam os computadores, as mesas de estudo, sala de TV e vídeo e a maior parte do acervo da biblioteca. Pegar um livro na prateleira também não é uma tarefa fácil, e nem sempre pode contar com o apoio de um assistente.
Até mesmo para imprimir ou xerocopiar algum documento a acadêmica encontra dificuldades, porque os balcões são muito altos.

CONVÍVIO

Não é apenas a acessibilidade física que deve ser levada em conta. Os alunos e professores também devem aprender a se "adaptar" a esses colegas com limitações físicas.
As barreiras de atitudes envolvem concepções e formas de encarar as diferenças, por isso nem sempre são fáceis de serem rompidas.
Marjorie conta que se sentiu confortável quando entrou na faculdade. "Tive uma boa receptividade de colegas e professores, eles são bastante prestativos", relembra.
Algumas universidades propõem atividades bastante interativas, como por exemplo, escolher semanalmente um aluno da mesma sala do portador de necessidade especial, que seria uma espécie de monitor para o colega. Sua função principal seria ajudá-lo a tirar fotocópia de material recomendado, estudar junto ou apenas estar disponível para auxiliar no que fosse necessário. Uma iniciativa interessante para quebrar barreiras.

A ADMINISTRAÇÃO

Marjorie comenta que, por várias vezes, procurou a coordenação do curso, mas a informação que obteve é de que não poderiam tomar providências e que suas reivindicações seriam encaminhadas para a matriz da universidade, em Valinhos-SP. Diante da negativa, ela disse que vai escrever uma carta para a reitoria, registrando as suas necessidades como portadora física.
É preciso mais que sensibilização, é preciso ação. Pois, “gritos de socorro” como o de Marjorie, infelizmente acabam passando despercebidos pelos nossos ouvidos, da mesma forma como passam pelos nossos olhos. A impressão que se tem é que parece ser necessário passar por uma situação como a personagem Luciana da novela “Viver a vida”, para que atitudes sejam tomadas.
Mas, a esperança de Marjorie não morre, “tomara que esta matéria me ajude de alguma forma” comenta.
Quanto aos administradores de nossas universidades, cabe ressaltar que qualquer mudança só ocorrerá se eles possuírem vontade política e assumirem seus papéis como gestores de instituições que não apenas formam profissionais, mas também cidadãos cientes de suas responsabilidades sociais. A inclusão passa primeiramente por aí: pela formação e pela educação que tenha como um de seus princípios a ideia da diversidade.

terça-feira, 30 de março de 2010

MODO REATIVO "ON"

Quantas vezes nos deparamos em situações em que deixamos de observar se a nossa atitude é pertinente, conveniente e oportuna.
Quando nos acontece algo que nos irrita ou insulta temos uma tendência a deixar o nosso lado emocional sobressair ao racional. E externamos o famoso “animal” que temos dentro de nós. E, dependendo da situação que nos encontramos, nossa atitude impensada pode ser tornar irretratável e, até mesmo, irremediável.
Vivenciei essa situação há poucos dias quando, por um desencontro de informações, fui tachada de algo que não havia cometido. Diante da pessoa errada, alterei minha voz, disse absurdos inoportunos e o constrangi com minha atitude desvairada.
Se tivesse levado em conta três palavrinhas que, tão sabiamente Márcio Mussarela nos revela (Pertinência, Conveniência e Oportunidade), não precisaria, num outro momento, passar pelo embaraço de pedir desculpas por uma atitude tão impulsiva e irracional.
É preciso refletir antes de agir!

DOCUMENTÁRIO A PONTE

Um retrato do desespero humano em um dos mais belos cartões postais de São Francisco, a ponte Golden Gate.
A partir do depoimento de amigos e familiares dos que tiraram a própria vida, o cineasta americano Eric Steel fez um documentário que tenta explicar o que leva as pessoas a tirarem suas próprias vidas.
Ele é construído com a sequência dos acontecimentos. Em todos os casos o que se percebe é que a semelhança entre os suicidas é a melancolia, a solidão.
Há uma sensação de que todos carregam dentro de si problemas de relacionamento ou depressão. A impressão, ao terminar de assistir o documentário, é que não existe nada de extraordinário, apenas repassa as imagens chocantes que foram captadas, trata o assunto como um espetáculo.
O que se questiona se o intuito do documentário foi apenas um trabalho sensacionalista ou um pedido de socorro às autoridades, para que sejam tomadas providências no sentido de que sejam colocadas grades ou redes de proteção.
Algo a ser refletido sobre a miserável condição humana.

CUMPRIMENTO DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL

A Constituição Federal de 1988 nos dá garantias que são imprescindíveis para o pleno gozo dos nossos direitos. Mas, o que vivenciamos hoje é uma crise, onde a segurança pública entrou em colapso, a burocracia abarrota os Tribunais com processos e dificulta o acesso a nossos direitos, as organizações sociais ficaram desacreditadas e o povo se sente órfão, indefeso e inseguro.
Estamos cansados de discursos teóricos, altos brados de melhoria na saúde, na educação e em tantos outros setores. Realidade distorcida pela falta de atendimento nos postos e hospitais, educação sem qualidade, alunos famintos por comida e não por ensino. É o desemprego que assola milhares de brasileiros.
Onde estão os direitos tão bem detalhados no artigo 5º da Constituição Federal? O cidadão quer garantia de uma vida digna, não apenas sobrevivência; de segurança e paz, não apenas tentar conviver com o medo; ter a liberdade de votar, escolher e não se decepcionar, e não apenas ser obrigado a ir às urnas, sob as penas da lei. Por que continuar atolados na burocracia, utilizando o lema “se é mais fácil complicar, para que facilitar”?
É preciso entender e interpretar a Constituição, não só no aspecto jurídico, mas também, sociológico, econômico, histórico e administrativo. A questão é que tanto artigos, incisos, alíneas podem se tornar inconstitucional ou constitucional, bastando a interpretação de um jurista.
Muito se discute e pouco se age, e na verdade o que o povo busca é apenas saber o que pode e tem que fazer, não ficar anos discutindo, sem nenhum resultado satisfatório. E, no fim, os problemas da sociedade não se resolvem.
A rigor, a Constituição deveria ser ensinada em todas as Escolas e por pessoas leigas em Direito, para fazer a livre interpretação.
O Judiciário, Poder responsável por fazer cumprir a Constituição, está desacreditado, pois, o que se vê é um jogo de poder e de vaidade entre seus membros. E pior que a vaidade e o poder ilimitado geralmente levam à tirania.
Há uma ditadura velada, uma tortura psicológica, algo que não se deixa transparecer, não é palpável, mas que existe.
Porém, apesar dessa falta de efetivo cumprimento dos direitos constitucionais e garantias sociais da nossa Constituição Federal, precisamos pensar que sem ela estaríamos em situações semelhantes a Países como Cuba, com um comunismo e uma ditadura que extrapola a dignidade humana; como a Palestina, Israel, lugares sem lei onde a bala de uma arma vale mais que o ser humano.
Se temos um mínimo de cumprimento da nossa Lei Maior, é ele que nos mantém na democracia, que não nos deixa regredir a períodos de ditadura, de repressão, de regime de terror vivenciado por tantos. Gente que precisava viver na clandestinidade, contra a tirania fria e sanguinária. Que não escapou das prisões arbitrárias, dos fuzilamentos, das torturas. Sem a nossa Constituição, nos transformaríamos em sub-humanos.
Não podemos deixar de sonhar, de lutar, de fazer a nossa parte para que se faça cumprir o mais próximo do que a Constituição prevê. Esse é nosso principal dever como cidadão, como ser humano.

ASSESSORIA DE COMUNICAÇÃO



O Chefe da Seção de Comunicação do TRT da 24ª Região relata a rotina de uma assessoria e menciona que o papel do assessor é transmitir o conteúdo útil da empresa, ou órgão público, num formato "legível" para o mercado

O ambiente é simples e arejado, as mesas dispostas de forma a ocupar favoravelmente o espaço relativamente pequeno. Em um canto, compondo o mobiliário, uma TV e um vídeo, um dos poucos recursos disponibilizados para a seção. Mas, a expectativa é de que, com um planejamento estratégico, seja ampliado o espaço, haja aquisição de equipamentos e concurso com vaga específica para profissionais especializados em Jornalismo e Publicidade. Esse é um dos maiores projetos para Fernando Rodrigues Pinheiro, Chefe de Seção de Comunicação do Tribunal Regional do Trabalho da 24ª Região.
Nessa entrevista, ele esclarece que a principal função do Assessor de Comunicação é manter a imagem da instituição naquilo que ela se propõe. Que para ser um bom profissional na área é preciso ter um relacionamento saudável com a imprensa, um amplo conhecimento teórico e prático a respeito do jornalismo e da sociedade, ter compromisso com a verdade e, principalmente, ser ético. Dominar perfeitamente as normas relativas a essa atividade, trabalhar com conceitos, relações públicas, design, recursos humanos e tantas outras ferramentas de construção da imagem, também devem fazer parte do currículo de um assessor da área de Comunicação. Agindo dessa forma, o profissional conseguirá contribuir para que haja uma maior troca de informações, visando a melhoria da qualidade do serviço prestado à sociedade.

Qual foi sua trajetória até chegar aqui na Chefia da Seção de Comunicação?
Aos 18 anos passei em um concurso público para a Fundação de Rádio e Televisão Educativa de Mato Grosso do Sul (FERTEL/TVE), hoje TV Brasil Pantanal e comecei a trabalhar na área administrativa. Em seguida ingressei na faculdade de Comunicação Social, com o intuito de ser publicitário. No segundo ano do curso percebi que as possibilidades de trabalhar como jornalista eram maiores, o campo mais diversificado. Então fiz minha opção para ser Jornalista. Por estar cursando Jornalismo, tive oportunidade de passar da área administrativa para a área de comunicação, ajudando nas pautas e na gravação do jornal ao vivo. Trabalhei numa rádio da Capital. No período de 2002 a 2004 fiz a produção executiva na TVE de um programa de TV chamado Oficina de Ideias, que era ligado às escolas. O TRT estava criando um projeto que trabalhava com escolas e, por isso, fui requisitado para trabalhar especificamente nesse projeto. E, no ano de 2007, assumi a Seção de Comunicação.

O Tribunal Regional do Trabalho da 24ª Região utiliza a nomenclatura Seção de Comunicação, porém em outros Tribunais Regionais do País adotam o termo Assessoria de Comunicação. Por que há essa diferenciação?
São denominações com funções e remunerações bem diferentes. Acredito que este Tribunal adote essa nomenclatura por ser mais novo, menor e, consequentemente, com uma demanda de trabalho reduzida. O TRT da 12ª Região (Santa Catarina) tem 14 pessoas trabalhando na Assessoria de Comunicação, dentre elas quatro jornalistas, dois publicitários, um técnico de TV e vários estagiários. É um Tribunal pouco maior que o nosso, mas com outra visão de Comunicação. Dispõe até de um estúdio próprio de TV. Mas, eu sinto que está havendo uma mudança de visão no panorama geral do Judiciário. Em 2009, o Conselho Nacional de Justiça – CNJ publicou a Resolução n. 85, que dá diretrizes para a forma dos Tribunais tratarem a Comunicação. Que o Tribunal tem o dever de informar a sociedade, por meio de jornais e TV de tudo o que acontece em cada Órgão. Isso será extremamente positivo para a área de Comunicação.

A assessoria de comunicação tornou-se essencial para o bom desenvolvimento de uma empresa ou instituição pública, por ser com a sociedade. Um dos papéis do assessor é informar com transparência e verdade para ter sempre credibilidade. Em termos práticos há diferença em assessorar um órgão público e uma empresa privada?
Eu acredito que na empresa pública o Assessor de Comunicação seja um porta-voz. Ele está à frente nas questões polêmicas e tem a função de manter a imagem da instituição naquilo que ela se propõe. Na instituição pública o próprio Presidente do Tribunal tem a função, ou até mesmo a vontade, de informar a população nos momentos em que há algum questionamento ou na divulgação de projetos. Porém, quando acontece algum julgamento na 1ª Instância, ou seja, em alguma Vara do Trabalho da Capital, do interior ou mesmo no Tribunal, que tem muita repercussão na mídia, o que normalmente acontece é a imprensa pedir uma entrevista ao Juiz. E uma dificuldade que usualmente tenho enfrentado é que nem todos os juízes e desembargadores falam para a imprensa, alguns preferem manifestar-se apenas no processo. Nesse momento é preciso ter criatividade para resolver o impasse, de forma que a imagem tanto do Tribunal quanto do magistrado fique intacta.

Atualmente o Tribunal dispõe de apenas dois jornalistas na Seção de Comunicação. Esse número atende a demanda de trabalho?
Não. Para a Seção funcionar com mais eficácia precisaríamos de ao menos mais um Jornalista e um estagiário. Além do Tribunal, temos 26 unidades, 19 somente no interior. E além da parte jornalística interna e externa, fazemos um grande trabalho de publicidade, que engloba arte e divulgação de campanhas. Com isso a comunicação externa fica um pouco prejudicada.

Conforme afirmação anterior a disponibilização de recursos e pessoal dependem da demanda de cada Tribunal Regional no País. Este Regional, instalado há 17 anos, aumentou em muito a demanda e o número de servidores, especialmente com a criação da Emenda Constitucional n. 45, que ampliou a competência da Justiça do Trabalho. Pensando em tudo isso, existe algum projeto, planejamento estratégico ou previsão orçamentária destinada à ampliação na área de Comunicação?
Atualmente não. O enfoque que precisamos dar à Comunicação é no sentido de sensibilizar a administração de que o Tribunal precisa dar uma satisfação à sociedade, com ações de comunicação, que é o principal canal de acesso à população. Em 2009, fomos convidados a participar do planejamos estratégico e apresentamos um projeto. Ele visa a melhoria da comunicação interna e externa do tribunal, especialmente a externa, por meio de aumento de profissionais, de equipamentos, implantar um estúdio de TV, de rádio e uma pequena agência de publicidade. Nosso projeto foi aprovado e a expectativa é que ele seja implantado até o ano de 2014.

Com um reduzido quadro de servidores é preciso um desdobramento da parte da chefia para garantia de um bom desempenho no trabalho. Usualmente as diversas áreas da comunicação trabalham com pauta. Qual a rotina adotada na Seção de Comunicação?
Nós não trabalhamos com pauta. Algumas atividades são elaboradas todos os dias como, por exemplo, o clipping e o abastecimento de um blog, pois não temos um site específico da comunicação. No final de cada dia enviamos, por e-mail a todos os servidores e magistrados, um resumo com todas as notícias locais e jurídicas, aniversariantes da semana e classificados, é o chamado informativo eletrônico. Fora os inúmeros contatos telefônicos com solicitações internas e da imprensa.

Escassez de mão de obra e de recursos é uma realidade. Como é feita a cobertura nos eventos internos e nos grandes eventos externos?
Há algum tipo de parceria? Nos eventos internos temos que fazer a cobertura total, desde a divulgação até o final do evento, tanto a parte de publicidade, jornalismo e fotografia. Nos grandes eventos fica inviável, porque estamos em duas pessoas na Seção. Há a contratação de uma empresa terceirizada para o apoio de fotos e imagens. A Seção fica responsável pela divulgação do evento, cronograma de trabalho e a cobertura jornalística. Fazemos também o contato com a imprensa tanto televisiva, impressa e on line, para que eles façam a cobertura do evento.

Informar, esse é o principal objetivo do Jornalismo. Aqui é utilizada a prática de releases na divulgação de notícias do tribunal para as mídias?
Com que habitualidade isso acontece? Sim, utilizamos a prática de releases, mas não diariamente. Encaminhamos o material apenas quando ele é de interesse do grande público, de uma maneira geral. Ampliamos nosso trabalho com acompanhamento das Sessões
Plenárias, onde acontecem os julgamentos. Buscamos temas mais polêmicos como acidente de trabalho, assédio moral, dano moral e fazemos as matérias. Temos o cuidado de não divulgar os nomes das partes, a fim de preservá-los. Assuntos institucionais são divulgados somente se beneficiar a sociedade.

A cada dois anos há a troca da Presidência do Tribunal. Quando isso acontece há uma modificação na forma de trabalhar?
Sim, primeiro porque somos hierarquicamente subordinados à Presidência. Alguns Presidentes acreditam que a função dele, como representante dos outros juízes, não só divulgar o que o Tribunal realiza, mas dar uma resposta à sociedade sobre determinado assunto. Outros não, preferem realizar seu trabalho, com transparência, porém, sem se expor na mídia. E o assessor precisa se adaptar nas duas situações.

Atualmente como a sociedade pode ter acesso às informações relacionadas ao Tribunal?
Temos o site http://www.trt24.jus.br/. Fizemos um projeto de uma série chamada Minuto do Trabalhador, nosso carro-chefe na TV, um trabalho bastante interessante que esclarece a população sobre assuntos como FGTS, Jornada de Trabalho, Trabalhador Rural, Trabalhador Doméstico, Salário Mínimo, Licença Maternidade, Férias e 13º salário. O acesso pode ser feito por meio do site www.youtube.com/secomtrt24. Como estamos em falando em acesso a informações, pretendemos realizar um Seminário, ainda não temos uma data prévia, que terá como público alvo os profissionais na área de Comunicação Social (publicitários e jornalistas). Iremos reunir o Tribunal Regional do Trabalho, o Ministério Público do Trabalho e a Superintendência Regional do Trabalho para que cada uma dessas instituições demonstre, de forma clara, quais são as suas funções para com a sociedade. O principal objetivo do Seminário é esclarecer, principalmente porque somos acionados para responder por algo que é da função do Ministério do Trabalho ou mesmo da Superintendência do Trabalho. Principalmente esses três Órgãos se confundem entre si. Outra expectativa de realização, que será um benefício não só para os profissionais da área, como para a sociedade, que será melhor informada.

No início da entrevista você afirmou que tinha uma forte inclinação para ser publicitário. Mas os caminhos foram construídos de forma um pouco diferente. O que seria chegar ao ápice da sua carreira? E, para finalizar, o que recomendaria para aqueles que estão fazendo o curso de jornalismo e que pretendem atuar em Assessoria de Comunicação?
O ápice da minha carreira seria assessorar o Flamengo, porque eu adoro futebol e seria a realização de um sonho me tornar Assessor de Imprensa do clube. Com relação à função de Assessor de Comunicação, ou qualquer outra área do Jornalismo, o mais importante é fazer com paixão. Recomendo que os alunos aproveitem ao máximo o que cada professor oferecer, que desenvolvam os trabalhos além do que o professor pedir e leiam muito. Investir o máximo de tempo procurando praticar no jornal impresso, no on line, na TV, no rádio. Dessa forma, no final do curso o aluno vai ter uma idéia clara do que ele vai querer. Para ser um bom Assessor de Imprensa ele tem que gostar da empresa, ou da instituição, gostar das pessoas com quem trabalha, porque quando a imprensa se manifestar contrária à sua empresa você terá que defendê-la. Mas, o principal é falar sempre a verdade e ser ético, às vezes acontecerão embates com a direção, porém a verdade deve estar em primeiro lugar, porque só assim a empresa ou instituição terá credibilidade. A Universidade dá a direção, agora como o aluno irá trilhar esse caminho depende exclusivamente dele, e dependendo da forma como ele trilhar será o seu sucesso ou o seu fracasso.