segunda-feira, 3 de maio de 2010

O ESPETÁCULO "A GRANDE VOLTA" EMOCIONA PÚBLICO EM SUA ESTREIA

Ir ao teatro além de divertir, renova a alma. Quem teve a oportunidade de assistir estréia da peça “A Grande Volta”, no sábado (1), acompanhou de perto um público emocionado que aplaudiu de pé e, por vários minutos, a atuação dos atores Fúlvio Stefanini (Boris) e Rodrigo Lombardi (Henrique). A peça foi escrita pelo belga Serge Kribus, traduzida por Paulo Autran e dirigida por Marco Ricca.

O espetáculo é uma mistura de humor e drama e reflete a falta de comunicação entre pai e filho, além fazer perceber que, apesar dos confrontos, das críticas, no final, se revelam muito parecidos.

Henrique, recém-separado, sem o filho e desempregado, recebe a visita do pai, Boris, um ator decadente, que por conta de problemas em seu apartamento aparece, sem aviso e com a mala na mão, para ficar por algum tempo na casa do filho para ensaiar, pois foi convidado para fazer o papel de Rei Lear, de Shakespeare.

“Faz tempo que você não aparece”, diz Henrique, com gestos nervosos. “Faz tempo que você não me convida”, retruca Boris, num tom claro de censura. E é nesse clima tenso, que a trama se desenrola, e pai e filho, aos poucos, vão percebendo que têm os mesmos discursos, os mesmos medos e a mesma loucura.

Percebem, no desenrolar das cenas, a capacidade de falar verdades que mantinham escondidas. É nessa parte que, com a ajuda de algumas doses de vodca, Boris se emociona, dançando com o próprio casaco, ao relembrar da esposa, já falecida, e confessa o desprezo pela própria profissão. Há um momento de perda momentânea de sanidade que, na verdade, é uma loucura libertária de Boris. Palavras, gestos que, aos poucos, se transformam em berros, quando pai e filho acabam presos.

E é na cela da delegacia que, mais uma vez, as semelhanças se revelam quando Henrique relembra um ato de insanidade, passado num supermercado, por causa de divergência na escolha da marca de uma lata de tomate. Diz que, tal qual o pai, gritou e berrou com a ex-esposa, e no final das contas, a diferença de preço entre uma e outra era mínima.

Com humor, Boris, pergunta se ele havia se separado da esposa por causa de uma lata de tomates. E são essas pitadas que fazem o público rir e chorar.

Por fim, há um resgate de valores, um reencontro e a conexão de uma relação há muito tempo perdida.

O cenário clean, produzido por André Cortez, chama a atenção pelas paredes corrediças de tecido que, num simples abrir e fechar, transforma o ambiente, criando, no público, a sensação de num momento estar no apartamento de Henrique e depois numa cela de delegacia.
Maneco Quinderé, que desenhou a iluminação do espetáculo, usou de perspicácia e criatividade, e despertou no espectador a imaginação e o induziu a acreditar que os atores realmente mudavam de cenário.

O conjunto da obra é precioso e precisa ser apreciado.

Teatro FAAP
Rua Alagoas, 903
Higienópolis – São Paulo
Tel.: (11) 3662-7233
De 1 de maio até 15 de agosto
Sextas, às 21h30; sábados, às 21h; domingos, às 18h

Nenhum comentário:

Postar um comentário