quarta-feira, 23 de setembro de 2009

URBANIDADE, CIVILIDADE E EDUCAÇÃO

Diferenças entre a vida na cidade e no campo evidencia uma visão diferente sobre o que é ser “civilizado”

Quando se fala em urbanidade, logo se pensa no oposto de ruralidade. Mas, o significado é outro: faz referência às formas de comportamento. De certo modo, elas se interligam. Muitas atitudes que, no meio rural, são perfeitamente aceitáveis são incompatíveis com a vida na cidade.

Quantas vezes, você não ouviu esses comentários dos chamados “urbanos”: quem mora na roça é Jeca, cafona, matuto, sem conhecimento, pouco instruído. Em resumo, alguém inferior, que não sabe nem se portar quando vem para a cidade. Tenho minhas dúvidas.

Nasci na roça, criei-me lá até os 6 anos de idade. Depois, vim para a cidade grande, sem, é claro, perder o vínculo com a vida rural. E, lá, tive minhas primeiras noções, penso que as mais importantes, de civilidade. Foi lá que aprendi a pedir licença, por favor, desculpas. Era recebida pelos vizinhos com gentileza, e, nas dificuldades, todos se colocavam à disposição para ajudar.

E isso não era apenas por educação, todos, realmente, se ajudavam, sem pedir nada em troca. Os urbanos têm a falsa ilusão de que não precisam uns dos outros, que são auto-suficentes.

Urbanos se consideram melhores, mas estão tão preocupados com o próprio umbigo, que perderam a noção do que é civilidade, que, nada mais é do que a harmonia entre as pessoas, a partir de códigos de ética, de regras de conduta e mutualidade, de respeito.

Agimos com civilidade quando não jogamos lixo na rua; quando não dirigimos de forma perigosa; quando poupamos o outro dos excessos de barulho; quando mantemos limpa nossa calçada; quando cumprimentamos o vizinho no elevador; quando não “tomamos” a vaga de alguém que já estava esperando há tempo, no estacionamento do shopping; quando sinalizamos ao fazer uma ultrapassagem; quando respeitamos as leis do trânsito; quando respeitamos as limitações e o espaço dos deficientes; quando dizemos aquelas palavrinhas que já não fazem parte do nosso dia-a- dia: bom dia, boa tarde, obrigada, por favor (parece que essas palavras fazem parte do passado, e se tornou vergonhoso pronunciá-las). Coisas simples, que fazem parte do nosso cotidiano, mas essenciais para um bom convívio entre as pessoas e que não se aprendem nos livros e na escola. Educação vem de casa.

A gentileza parece ter saído de circulação. Tornamo-nos tão “modernos”, tão apressados, que nem notamos que estamos perdendo qualidade de vida. Não nos importamos com os muros pichados, com o lixo no chão, com a falta de educação dos jovens, com a sujeira e o abandono. Não nos atentamos para o fato de estarmos nos tornando incivilizados. É o famoso cada um por si e todos contra todos, é querer levar vantagem em tudo.

Estamos tão focados no nosso próprio umbigo, que nos esquecemos do bem comum, porque isso requer renúncia entre as pessoas e respeito pelo espaço do outro. E, com o foco apenas em nós e nossos umbigos, esquecemo-nos de olhar para frente e, assim o fazendo, estamos deixando de progredir.

Para finalizar, uma frase – que simplifica o verdadeiro significado de urbanidade, civilidade e educação – do filósofo e pensador alemão Immanuel Kant: "O homem só pode tornar-se homem pela educação".

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