quarta-feira, 3 de junho de 2009

RESENHA DO FILME "O PREÇO DE UMA VERDADE"

O SUCESSO A QUALQUER PREÇO

O filme O Preço de Uma Verdade conta a história real de Stephen Glass, um jovem jornalista com aparente profissionalismo e excelente senso criativo. Além de charmoso, simpático, humilde e, sobretudo engraçado, ele conquista o editor da revista de política e atualidades The New Republic, Michael Kelly, e todos os colegas da redação. Além de ser colaborador de grandes revistas como Harper’s, George e Rolling Stones.
Nas reuniões de pauta suas histórias eram sempre as mais interessantes, curiosas, instigantes e excêntricas. Mas, o que de fato acontecia é que ele aumentava os fatos, inventava personagens e distorcia os acontecimentos, tudo por uma boa história para publicar e para que suas pautas sempre emplacassem.
Os colegas de Stephen sentiam-se inseguros, ineficientes e inferiores, devido ao indiscutível sucesso de suas matérias.
A situação começa a mudar com a demissão do editor Michael e sua substituição por Chuck Lane, que tem um estilo mais sério e responsável. A rotina de produção da empresa ficou um pouco comprometida com a mudança, pela indisfarçável insatisfação dos redatores e pelo fato de Stephen, que tinha um ótimo relacionamento entre os colegas, afirmar que estava sendo “perseguido” pelo novo editor, por ser leal ao antigo.
Em sua trajetória, o novo editor, Lane, observou que algumas informações de Stephen estavam equivocadas e os artigos não refletiam a verdade. Quando questionado, ele alegava que estava “atolado” em trabalho, que tinha as aulas e ainda estudava Direito. Seus colegas sempre o apoiavam e consideravam seus equívocos apenas “pequenos tropeços”.
A farsa de suas matérias começa a ser desvendada quando Stephen sugere uma reportagem “O Paraíso dos Hackers”, que contava a história de um adolescente que, após invadir o sistema de segurança de uma grande empresa, teria sido convidado a trabalhar para ela. E o hacker só aceitaria se fossem atendidas algumas exigências, tais como: viagem à Disney e assinatura de revistas pornográficas.
A desmoralização de Stephen começa quando o editor da revista Forbes Digital questiona o seu repórter Adam Penenberg por ele não ter coberto a matéria do hacker. Com o orgulho ferido, Penenberg decide investigar a história mais a fundo. Buscou informações na internet sobre a empresa, o nome do garoto e a história, mas nada foi encontrado.
Após suas descobertas, Penenberg e seu editor questionam Lane sobre fatos e fontes da matéria. Lane questiona Stephen sobre a veracidade das suas informações. Ele apresentou anotações e fontes muito bem forjadas por ele. Até criou um site para a empresa fictícia. Mas Lane começou a desconfiar e foi conferir pessoalmente e descobre que Stephen mentiu o tempo todo. Pressionado, o repórter argumenta que estava sendo muito pressionado e que as fontes o enganaram. Indignado com a falta de ética do repórter, o editor demite-o.
Há uma revolta dos outros redatores, mas, por fim, Lane consegue fazê-los enxergar a verdade e todos assinam um pedido público de desculpas, admitindo que 27 dos 41 artigos escritos por Stephen Glass foram total ou parcialmente inventados.
Denota-se que Glass considerava absolutamente certas suas atitudes e que, quando pressionado, cada mentira necessitava de outra e que sua atitude era justificada quando demonstrava capacidade de dar bons exemplos aos seus colegas de profissão.
O filme faz refletir sobre a questão da ética e quão preparados estão os jornalistas, ou futuros jornalistas, para serem responsáveis por suas matérias. Retrata ainda a facilidade com que “jornalistas” podem mentir e enganar, transformando ficção em realidade, em busca da fama a qualquer preço. Outro aspecto importante é a reflexão é que nem mesmo o mais sólido e sério veículo de comunicação é dono da verdade absoluta, se seus profissionais não forem éticos.Por último, há que se ter em conta que o Jornalismo e ficção estão em lados opostos, enquanto o primeiro preza a ética e a verdade, a segunda se baseia em histórias fictícias e personagens inventados. O questionamento é para os jornalistas, estudantes de Jornalismo e recém-formados: jornalismo verdadeiro ou ficção, qual é a sua escolha?

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